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"Fundo misterioso" opera pequenas geradoras

JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO

Uma situação inusitada marcou ontem o leilão da hidrelétrica de Três Irmãos, em São Paulo. O consórcio Novo Oriente levou a usina, mas ninguém ficou sabendo quem são, afinal, os novos donos.

Furnas será o operador com 49,9% do consórcio. O controle (50,1%) passou a ser do fundo de investimento Constantinopla, que tem cinco acionistas.

Como não estavam presentes no leilão, o gestor do fundo não pôde revelar os nomes. Caso contrário, ele estaria infringindo a legislação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

O "mistério" gerou desconfiança no governo estadual, que também tentava saber quem são os novos donos da usina de Três Irmãos.

No mercado, especulou-se que seriam os chineses da State Grid ou de Três Gargantas, devido ao nome do consórcio. Mas a Folha apurou que Novo Oriente era o nome de uma ponte, alagada quando a usina foi construída. Próximo ao local, vivia uma comunidade japonesa.

A Folha apurou que, entre os novos controladores, cujos nomes serão divulgados na segunda, estão dois construtores de PCHs (usinas de pequeno porte) que já planejavam operar com hidrelétricas de grande porte, e três grupos financeiros que já investem no setor de energia.

Segundo os documentos entregues à CVM, o fundo Constantinopla, novo dono de Três Irmãos, só foi fechado cinco dias antes do leilão e conta com R$ 153 milhões de capital. Quatro dos sócios entrarão com R$ 36,5 milhões, e o quinto, com R$ 7 milhões.

Os números não são expressivos porque os novos controladores serão simplesmente mantenedores da usina, ficarão responsáveis pela operação. A expertise da geração ficará com Furnas, controlada pela União.

A receita não sairá mais da venda da energia, e sim do serviço de operação da usina, algo que exige menos capital.

Mesmo assim, não foi fácil encontrar um comprador para Três Irmãos, que antes estava concedida para a Cesp (Companhia Energética de São Paulo).

HISTÓRICO

Ainda segundo apurou a reportagem, o próprio governo federal estava atuando para a formação de um consórcio. Enquanto não apareciam interessados, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) pediu ao secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal (PSDB-SP), que a Cesp continuasse operando a usina até o dia do leilão.

Naquele momento, a ideia era ter um consórcio em que Furnas entrasse com 40% de participação e um sócio privado assumisse o controle (60%). Os funcionários, contratados pela Cesp, passariam para a iniciativa privada.

O governo estadual chegou a pensar em abrir um Plano de Demissão Voluntária. Mas o plano do governo federal não avançou e a formação do consórcio vinha se arrastando desde dezembro.


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