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Análise

Recalls da GM são herança maldita dos anos de crise

Nova presidente disse ontem a congressistas que empresa promove investigação interna sobre falhas mecânicas

É provável que, dentro do processo de quase falência e reestruturação, tenham surgido falhas no controle de qualidade

EDUARDO SODRÉ EDITOR-ADJUNTO DE "VEÍCULOS"

Ao depor na Câmara dos EUA, ontem, e pedir desculpas às vítimas de acidentes causados por defeitos de fabricação em automóveis da General Motors, Mary Barra, presidente-executiva da companhia, deu a real dimensão de um problema que teve início bem antes de o primeiro carro defeituoso deixar a linha de montagem.

A onda de recalls pela qual passa a empresa --com milhões de veículos envolvidos e uma dúzia de mortes atribuídas aos problemas-- é consequência dos anos de crise enfrentados em silêncio pela empresa até 2008, quando as dificuldades financeiras mais graves emergiram.

Em seu depoimento, Mary Barra afirmou que a empresa promove uma investigação interna para saber o que gerou anomalias como falhas no sistema de ignição, que faziam o motor desligar repentinamente, bem como os sistemas de freios e de airbags.

Os defeitos nos carros só foram admitidos agora pela fabricante, que também demorou para assumir que passava por sérias dificuldades financeiras.

Os problemas começaram a ser percebidos pelo mercado no início dos anos 2000, mas o gigantismo das operações ajudou a esconder os prejuízos de uma empresa que já operava no vermelho.

Em junho de 2009, a fabricante recorreu ao chamado "Capítulo 11", recurso judicial que, nos EUA, equivale a um pedido de concordata. Foi criada uma nova empresa, cujo sócio majoritário era o governo americano, com 60,8% de participação.

Esse passo marcou a reestruturação da GM, que reduziu seu portfólio de marcas e encerrou a produção de diversos modelos --vários deles estão envolvidos agora no recall, que inclui, por exemplo, carros produzidos entre 2004 e 2011, justamente o período mais crítico da história da montadora.

Empresas em crise profunda precisam rever procedimentos e cortar custos, além de passar um bom tempo sem apresentar novos projetos ou produtos que exijam grandes investimentos.

É provável que, dentro desse processo de quase falência e reestruturação, tenham surgido falhas no controle de qualidade da GM e de seus fornecedores, que só estão sendo percebidas agora, com a manifestação dos defeitos em série.

NO BRASIL

Em todo esse processo, a subsidiária brasileira manteve-se à margem da crise, pois o mercado nacional vivia seu melhor momento. O país é o terceiro maior mercado da GM, atrás de China e EUA.

Nos dois últimos anos, a empresa começou a equilibrar as contas e a renovar sua gama de veículos em todo o mundo. Contudo, os anos difíceis começam a cobrar um preço alto agora.


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