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Reino Unido vive onda de 'loja de R$ 1,99'

Total de unidades do setor mais do que dobrou desde 2007 e ajudou na recuperação da economia britânica

Diferentemente do que ocorre no Brasil, redes oferecem produtos de marcas famosas e de muito mais qualidade

LEANDRO COLON DE LONDRES

Ao menos 4,8 milhões de britânicos fazem compras toda semana em uma Poundland, sendo que 22% são de classe média alta. Em três anos, o número de lojas no Reino Unido da rede quase dobrou, de 263 para 517, e ela planeja chegar a mil nos próximos anos.

O modelo é simples: tudo é vendido por apenas £ 1, algo em torno de R$ 3,70.

A fórmula não é nova, mas o fenômeno dos números é recente e tem sido um dos principais fatores da recuperação da economia local desde a crise de 2008. Daquele ano até 2013, suas vendas pularam de £ 300 milhões para £ 880 milhões por ano.

Assim como a Poundland, as concorrentes Poundworld e 99pc Stores não param de crescer. Desde 2007, o setor, hoje um dos maiores de varejo no Reino Unido, passou de 1.058 para 2.209 lojas e quer atingir 3.100 em três anos.

Criada em 1990, a Poundland deu sinais de força ao abrir no mês passado seu capital e anunciar expansão para a Espanha. Já é avaliada em pelo menos £ 925 milhões, três vezes mais do que quatro anos atrás, quando foi comprada pelo fundo americano Warburg Pincus.

Quem vai a uma dessas lojas encontra quase tudo que um supermercado oferece, mas pelo preço único de £ 1. A inspiração veio das "lojas de US$ 1" nos EUA. No Brasil, seria algo similar às de R$ 1,99, mas com uma grande diferença: no Reino Unido, há marcas famosas e produtos de muito mais qualidade competindo com o supermercado ao lado.

A atitude agressiva dessas redes tem forçado grandes supermercados locais a baixar os preços.

A lista numa Poundland chega a 3.000 produtos: dá para comprar frios, guarda-chuva, sanduíches, pães, leite, bebidas, material escolar, de escritório, de limpeza, cosmético, comidas para cachorro, óculos de grau, brinquedos, doces, ferramentas e utensílios domésticos.

Aparecem cada vez mais nas prateleiras marcas como Colgate, Kraft Food, Nivea, Nestlé, Mars e Kodak. Elas fornecem produtos customizados dentro da margem de preço de £ 1, manobra essencial diante de inflação anual de 2% a 3%.

Na prática, o tamanho dos produtos tem diminuído, mas o preço, não. Mesmo assim, o consumidor tem a sensação de estar pagando pouco.

Há dez anos, uma moeda de £ 1 comprava dez barras de um chocolate na Poundland. Hoje, leva apenas quatro. Um quilo e meio de açúcar virou um quilo. Doze pilhas são 11 agora.

"Nossa gestão tem a colaboração dos fornecedores para eliminar custos e introduzir novos produtos com a garantia de que estamos oferecendo um valor real comparável", disse a empresa.

O debate é se esse modelo é sustentável a longo prazo no Reino Unido.

"Definitivamente sim. Eles são capazes de montar uma forte oferta de produtos a £ 1. Não é apenas uma coleção aleatória de coisas por esse preço", diz Richards Perks, diretor de varejo da consultoria Mintel, destacando o básico para o sucesso: funciona porque explora o "amor" das pessoas por barganhas.


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