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China já prevê PIB abaixo de 7,5% no ano
Pela 1ª vez, premiê reconhece que economia pode crescer menos que a meta oficial, o que não ocorre desde 1998
Desaceleração da 2ª maior economia global pode afetar Brasil, que vende ao país 19% das suas exportações
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, deu ontem o sinal mais forte de que pela primeira vez em mais de uma década o crescimento da segunda maior economia do mundo pode ficar abaixo da meta oficial do governo.
Segundo ele, o avanço do PIB pode ficar um pouco acima ou abaixo da meta de 7,5%. A última vez que a China não atingiu o objetivo governamental foi em 1998.
Tradicionalmente, o crescimento da economia chinesa supera com folga a meta estabelecida por Pequim
-muitas vezes com avanços superiores a 10% ao ano.
Apesar dos sinais de perda de força da economia (como indicadores que mostram retração na indústria), o premiê disse que não serão tomadas medidas ditadas pelo pânico para estimular a atividade no curto prazo.
"Em lugar disso nos concentraremos em desenvolvimento saudável de médio e longo prazo."
Em Washington, o vice-presidente do banco central chinês, Yi Gang, adotou um tom semelhante e afirmou que um crescimento "um pouco acima ou um pouco abaixo [de 7,5%] é aceitável".
"O importante é que devemos melhorar a qualidade do crescimento e também enfatizar a proteção ao ambiente e o crescimento inclusivo, para que mais pessoas sejam beneficiadas por ele", disse Yi.
A declaração das autoridades foi feita depois da divulgação de dados oficiais que demonstravam que as exportações caíram 6,6% em março, após a queda de 18,1% em fevereiro.
As importações caíram 11,3% -o maior declínio na China em mais de um ano.
Os economistas estavam mais preocupados com a queda nas importações, vista como confirmação da fraqueza na produção e na demanda dos consumidores.
"Elas sugerem um enfraquecimento na economia da China", disse Louis Kuijs, economista do banco RBS.
Analistas financeiros afirmaram que reduziriam suas projeções de avanço do PIB, dada a informação de que o comércio externo oferecerá estímulo inferior ao esperado à China no primeiro trimestre deste ano.
IMPACTO GLOBAL
Uma desaceleração da China tem impacto no mundo todo, já que se trata da segunda maior economia global, atrás apenas da norte-americana, especialmente para os países produtores de commodities (matérias-primas como soja e minério de ferro), que é o caso do Brasil.
No ano passado, os chineses compraram 19% de tudo o que o Brasil vendeu para o exterior, quase o dobro dos EUA, o segundo colocado.
As preocupações em relação ao gigante asiático ajudaram a derrubar as principais Bolsas globais, especialmente na Europa e nos EUA. No Brasil, o impacto foi menor e o Ibovespa recuou 0,11%.
Colaborou ISABEL FLECK, enviada especial a Washington