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País fecha 1º trimestre com rombo de US$ 25,2 bi nas contas externas
Expectativa do BC é que ano encerre com deficit recorde de US$ 80 bi nas transações com o exterior
FMI estima que rombo brasileiro, em valores absolutos, deva passar o do Reino Unido e ser superado só pelos EUA
O deficit das principais transações brasileiras com o exterior recuou ligeiramente em março, refletindo principalmente uma redução das remessas de lucros feitas pelas filiais de empresas estrangeiras no país.
No trimestre, no entanto, o país ainda acumula o maior rombo em termos absolutos da série do Banco Central, um reflexo do fraco desempenho da balança comercial e de gastos ainda elevados na contratação de serviços.
Segundo dados divulgados ontem pelo BC, o deficit nas contas externas nos três primeiros meses foi de US$ 25,2 bilhões, ante US$ 24,7 bilhões no mesmo período do ano passado, o recorde anterior.
O deficit significa que o país gasta mais do que recebe no conjunto de suas operações de comércio, turismo, pagamentos de juros, remessas de lucros de multinacionais e serviços em geral.
Essa diferença deve ser coberta pela atração de capital externo, na forma de empréstimos, investimentos e aplicações financeiras --do contrário, o país perderá reservas em moeda estrangeira.
No trimestre, a balança comercial foi superavitária em só US$ 112 milhões. Expectativa do próprio BC é que esse saldo ainda recue até o fim do ano, em meio a uma demanda externa pouco aquecida e a importações crescentes.
Os gastos de brasileiros em viagens internacionais recuaram ligeiramente em março sobre o ano passado. No ano, contudo, a diferença entre essas despesas e as receitas com turistas estrangeiros foi equivalente ao registrado em 2013, de US$ 4,1 bilhões.
FMI
O BC prevê que o país fechará o ano com um deficit de US$ 80 bilhões nas transações externas.
Nos cálculos do FMI (Fundo Monetário Internacional), o deficit brasileiro, em valores absolutos, deve ultrapassar o do Reino Unido e se tornar o segundo mais alto do mundo, atrás só do norte-americano.
O Brasil é deficitário porque população e governo poupam pouco. Como os gastos brasileiros superam a produção nacional, é preciso recorrer à poupança de estrangeiros.
Em termos relativos, o deficit do país é o terceiro maior entre as principais economias do mundo, reunidas no G20. Equivale a 3,6% do Produto Interno Bruto, ou seja, da renda nacional.
As situações mais graves são as da Turquia (6,3% do PIB) e da África do Sul (5,4%), países incluídos pelo mercado na lista dos mais vulneráveis a turbulências financeiras --na qual ainda estão, além do Brasil, as também deficitárias Índia e Indonésia.