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Risco de racionamento já contamina o PIB

André Loes, economista-chefe do HSBC, afirma que temor de corte é assunto entre empresários e investidores

Banco calcula em 60% probabilidade de interrupção no fornecimento nos próximos dois anos

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

O risco de racionamento de energia elétrica já é motivo de preocupação de analistas do mercado financeiro, investidores e empresários.
O economista-chefe para América Latina do HSBC, André Loes, afirma que a simples ameaça de interrupção do fornecimento já abala o crescimento econômico.

Nem a Copa vai aliviar o clima, prevê. O impacto do evento sobre a economia, segundo calcula, é nulo ou negativo.

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Folha - O sr. trabalha com a hipótese de racionamento de energia?
André Loes - Calculamos que há 60% de risco de ocorrer um racionamento nos próximos dois anos. A questão é se o governo vai fazer antes da eleição ou se vai esperar. Mas achamos que há chance de haver um racionamento. Uma repetição do racionamento de 2001, que foi muito forte [um corte de 20% no consumo], não deve se repetir. Mas racionamentos de nicho são bastante prováveis.

O risco já está contaminando o crescimento da economia?
Já. Dados de confiança empresarial e do consumidor estão estáveis ou piorando. Pelo lado dos investimentos, para setores mais intensivos em energia e que possam postergar decisões, não há por que começá-los agora. O empresário espera alguns meses para ver e essa postergação tem impacto [no PIB].
Nossa projeção de crescimento é de 1,7% neste ano. Mas, se houver racionamento, mesmo parcial, o efeito é relevante. Por isso, temos um risco para baixo [da projeção]. E não só pelo racionamento, mas pelo efeito que esse risco causa nas expectativas.

Qual seria o efeito sobre o PIB?
Fizemos uma projeção que, se repetir o racionamento de 2001, o crescimento neste ano pode ir a zero. Mas este é o cenário menos provável. Então, imaginar algo rodando ao redor de 1%, no caso de haver racionamentos parciais, parece razoável.

Pode ocorrer antes da eleição?
Se chegarmos a uma situação limite, o governo teria que tomar uma medida drástica. [Se traçarmos uma tendência] do nível de hoje dos reservatórios e previrmos a mesma hidrologia média dos últimos 15 anos para os próximos meses, mantidos os padrões de consumo, chegamos a outubro entre 10% e 15% da capacidade. Isso já é abaixo do nível de 2001. Digamos que não chova a média dos últimos 15 anos; pode haver uma situação em que o governo tenha que tomar uma atitude antes da estação chuvosa.

Tem ouvido de investidores e de empresários temor sobre o racionamento?
Sim, há muita gente preocupada. E não é só com a eletricidade. Para a indústria de São Paulo, a água também é um problema. Isso tudo, no mínimo, implica mais custos.
Fiz uma apresentação para empresários e executivos em Campinas há um mês e apresentei esses riscos. Um deles perguntou à plateia: "Quantos de nós temos no nosso planejamento o risco de racionamento?" Ninguém tinha.
Quem fez planejamento em setembro ou outubro não tinha essa perspectiva. Então, há impacto sobre decisões que estavam previstas para um ano em que não haveria essa limitação.

Há possibilidade de os investimentos serem postergados para além de 2014?
Os investimentos podem ficar congelados por mais tempo, o que me preocupa na opção do governo de aumentar tarifas [ao consumidor] só ano que vem.
Está se tomando um risco muito grande. Se chover, tudo bem. Mas, se chegar a outubro com reservatórios a 10% da capacidade, e se não chover em janeiro e fevereiro de acordo com média histórica, há o risco de o país ter que fazer um racionamento muito forte no ano que vem.
Os investidores sabem disso e aí podem postergar decisões ainda mais.

A Copa terá impacto positivo sobre o PIB neste ano?
É difícil estimar, pode ser um efeito negativo ou próximo de zero. Uma parte relevante das obras está atrasada. Então, não houve tantos efeitos pelo lado da oferta. O impacto, portanto, é de curto prazo, sobre hotelaria e serviços. Por outro lado, há os feriados. É possível recuperar a produção, mas sempre há alguma perda. E isso ocorrerá em várias cidades, em diferentes momentos.

Leia a íntegra em
folha.com/no1445926


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