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Leilão hoje deve vender só 50% da energia, diz governo
Recursos do Tesouro e mais empréstimo são opções para cobrir a outra metade
Inicialmente, governo esperava que certame viesse a suprir toda a demanda necessária para as distribuidoras
O governo Dilma espera que as distribuidoras de energia comprem hoje, no leilão emergencial de geração, ao menos metade do que precisam para atender a demanda dos consumidores neste ano.
O buraco no setor é de 3.200 MW (megawatts), energia que as distribuidoras não conseguiram contratar no leilão anterior e estavam sendo obrigados a adquirir no mercado livre, a preços mais altos.
"Estamos com uma expectativa pé no chão, se as geradoras venderem entre 50% e 60%, vai ser um excelente resultado", disse à Folha o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
Apesar de representar um número bem abaixo do desejado inicialmente pelo governo --que queria suprir praticamente toda a demanda com este leilão--, conseguir contratar cerca de 50% do total já será, na visão do secretário, um alívio.
"Vamos reduzir à metade o problema do setor elétrico, com uma energia bem mais barata", afirmou.
O governo terá, porém, de encontrar uma forma de bancar a outra metade, os quase 1.600 MW, total de energia que as distribuidoras continuarão tendo de contratar por fora, no mercado de curto prazo, para atender a demanda deste ano.
Uma opção é voltar a usar recursos do Tesouro para bancar a conta extra das distribuidoras com a compra de energia, mais cara desde o início do ano por causa do uso intenso de usinas térmicas.
Outra saída é elevar o valor do empréstimo que a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) vai tomar dos bancos. O acordo inicial, de R$ 11,2 bilhões, segundo especialistas, cobre apenas os custos previstos até maio.
Desde o ano passado, as distribuidoras de energia estão tendo de comprar energia extra para atender seus contratos. Isso ocorre porque parte dos contratos venceu e elas não conseguiram substituí-los no último leilão, uma vez que o preço fixado pelo governo foi muito baixo, o que afastou a participação das usinas que tinham energia disponível para vender.
Assim, toda a quantidade de energia que ficou faltando para as distribuidoras passou a ser contratada em contratos de curta duração. Esse modelo chega a cobrar R$ 822 por MWh (megawatt-hora). No leilão de hoje, o preço-teto foi fixado em R$ 271 o MWh.
RISCO
Zimmermann disse também que o governo continua trabalhando com um risco abaixo de 5% de falta de energia elétrica neste ano.
Esse patamar, segundo ele, elimina qualquer possibilidade de racionamento e de um programa de racionalização.
"Hoje, com base em avaliações estritamente técnicas, podemos garantir que não é necessário nenhum tipo de racionamento."
Ele reclama de analistas que acusam o governo de manipular dados para esconder um eventual racionamento.
"Não é uma decisão fácil, se a gente fizer um racionamento que não é necessário, vamos gerar um rombo no PIB. Se deixarmos de fazer e ele se mostrar necessário, teremos cometido um grande erro. Tudo tem de ser técnico."
Para especialistas, o momento atual é considerado como limite para a implementação de uma campanha voltada para reduzir o consumo da população. A preocupação é que, com o passar do tempo, a necessidade de economia aumente e acabe por resultar em uma necessidade de racionamento.