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Indústria para produção e vende energia

Siderúrgicas, cimenteiras e papeleiras chegam a lucrar o dobro com eletricidade do que com a própria atividade

Usiminas até já colocou no balanço a venda de energia, que rendeu R$ 75 milhões e ampliou seus ganhos

MACHADO DA COSTA DE SÃO PAULO

Para contornar os prejuízos causados pela queda na produção em razão da demanda fraca, empresas com alto consumo de eletricidade, como siderúrgicas, cimenteiras e papeleiras, estão vendendo o excedente de energia no mercado de curto prazo --e lucrando com isso.

Os preços de energia no mercado à vista estão tão altos --R$ 822 o MWh (megawatt-hora)-- que algumas dessas empresas, chamadas de eletrointensivas, preferem deixar de produzir para vender o insumo.

O professor Ildo Sauer, do IEE (Instituto de Energia e Ambiente) da USP (Universidade de São Paulo), calcula que uma fabricante de alumínio lucre o dobro vendendo a energia no mercado à vista do que produzindo (veja quadro nesta página).

"Ao parar de produzir, ele deixa de ter o custo de operação e ainda vende um produto que vale o dobro do que o seu", diz o professor.

O maior expoente desse movimento é a Votorantim, maior cimenteira do país.

O excedente de energia ficou tão grande que a empresa se tornou participante assídua dos leilões da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

No pleito mais recente, em 30 de abril, a empresa vendeu 327 megawatts, 16% de toda a oferta do leilão. A venda renderá R$ 4,4 bilhões nos próximos cinco anos.

A companhia afirma que sempre oferecerá energia ao sistema quando houver excedente, seja nos leilões ou no mercado à vista.

Parceira da Votorantim na geração, a Alcoa, fabricante de alumínio, é outra empresa que tem aproveitado as oportunidades atuais.

A usina de Barra Grande, na qual ela detém participação de 42%, disponibilizou 50 MW no leilão.

Segundo a empresa, a estratégia faz parte de um ajuste global da companhia.

A siderúrgica Usiminas já até contabilizou as vendas de energia em seus balanços. No primeiro trimestre, elas somaram R$ 75 milhões e elevaram o lucro para R$ 222 milhões. "A venda de energia é oportunista, mas não vamos abandonar a vocação da Usiminas", afirmou seu presidente, Julián Eguren.

CENÁRIOS

Ricardo Savoya, diretor da consultoria Thymos, afirma que o movimento é fruto da falta de competitividade das empresas e prevê um cenário ainda pior em 2015.

"A situação é preocupante para as empresas que estão em Camaçari [na Bahia], como Braskem e Gerdau."

Essa empresas têm contratos com a Chesf por R$ 110 por MWh, que se encerrarão ano que vem. "A competitividade delas vai acabar. O que eles poderão fazer é vender o resto de energia que possuir."


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