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Nas crises o lucro

Responsável por um dos maiores fundos de investimento em emergentes do mundo, Mark Mobius diz que tumultos atuais criam oportunidades

DO "FINANCIAL TIMES"

Muitos observadores acreditam que os países em desenvolvimento estão em crise. Mas, para Mark Mobius, tumultos políticos e tremores de mercado a eles associados fazem parte de investir em economias emergentes.

O presidente-executivo do conselho do Templeton Emerging Markets Group, que administra US$ 47 bilhões em investimentos, gosta de contrariar tendências e vê fatores positivos nas regiões em que as transações vêm sendo influenciadas pelo medo.

Embora as autoridades turcas tenham culpado investidores estrangeiros por manipulação da Bolsa de Istambul, Mobius, 77, acredita nas "capacidades empreendedoras" dos turcos.

"Uma crescente classe média exige melhor governo com menos corrupção e desperdício", ele diz sobre a inquietação social no Brasil. "A boa notícia é que o povo está se fazendo ouvir."

E vê uma história positiva até mesmo na crise da Ucrânia. "Como investidor, acredito que a importância estratégica da Ucrânia tanto para a Rússia quanto para a União Europeia ajudará a garantir seu potencial de sucesso em longo prazo."

Empresas ucranianas individuais, especialmente do setor agrícola, atraem sua atenção. A Franklin Templeton investiu US$ 4,1 bilhões em títulos ucranianos.

Para Mobius, contrariar tendências é natural. "Você precisa ver de perto, e, quando os preços são baixos e o lugar é impopular, isso representa uma oportunidade."

Seu maior medo é que o atual ciclo de levantes populares possa ser substituído por um retorno ao "deprimente modelo socialista".

Seria a maior ameaça aos mercados mundiais, acredita Mobius. Ele fala no escritório da Franklin Templeton em Cingapura, ao lado da imensa Fonte da Riqueza, desenhada por especialistas em feng shui a fim de representar o influxo de riquezas.

passado medíocre

Muitos países em desenvolvimento estavam apenas começando a emergir de regimes de planejamento central quando Mobius começou a trabalhar para a Templeton em 1987, em Taiwan.

Era "um sujeito de personalidade áspera que apresentava desempenho medíocre", diz um contemporâneo. Hoje em dia, diz a fonte, "seu histórico parece melhor, porque ele é o cara que está há mais tempo no mercado".

"Começamos com US$ 100 milhões e era difícil investir esse dinheiro em apenas cinco mercados emergentes --México, Hong Kong, Filipinas, Malásia e Cingapura", recorda Mobius. "Mas uma nova era começava a ganhar terreno, com países pobres passando a receber positivamente o capital estrangeiro e a encorajar privatizações. Estávamos lá desde o começo."

Depois que a Templeton veiculou uma série de anúncios em Hong Kong mostrando a careca do então desconhecido operador, ele se tornou uma figura cult na Ásia.

Para divulgar seu fundo, Mobius cruzava o continente em seu jatinho e desfrutava de vida social ativa no caminho. Convenceu instituições europeias a investir não apenas em Hong Kong, mas também na ainda mais exótica zona econômica especial de Shenzhen, na China.

Na época, Shenzhen era uma pequena cidade de província, muito menor que a atual metrópole de 10,5 milhões de habitantes. Entre 1992 e 1996, quando buscava investimentos em Hong Kong, o índice da Bolsa local apresentou retorno médio anual de 26,5% --desconsiderados os dividendos.

Os cantoneses, altamente supersticiosos, eram especialmente atraídos pelos fundos do administrador. "Eles costumam acreditar que um homem calvo traz boa sorte."

Viajar por muitos países em desenvolvimento também resultou em alguns sucessos espetaculares. A reestruturação da China High Speed Transmission, de componentes para turbinas eólicas, trouxe retorno de 1.700% sobre o investimento original.

No momento, ele prefere atuar na China via Taiwan, que lidera setores como o de circuitos integrados, macarrão instantâneo e sucos.

Mobius continua procurando eficiência nas empresas em que pretende investir, mas abandonou suas corridas diárias pelos litorais asiáticos. Ele se mantém esbelto o suficiente para seus ternos tropicais por meio de visitas diárias à academia, desde que esta conte com máquinas da marca TXR, suas preferidas. Ganha tempo ao lavar os colarinhos de suas camisas enquanto toma banho, e as deixa para secar de noite em cabides aquecidos de toalhas.

"Em curto prazo, podemos ter desempenho abaixo da norma, mas nosso foco sempre foi o longo prazo", diz, admitindo a admiração por concorrentes como a Aberdeen e a Fidelity.

"Os mercados emergentes estão crescendo cinco vezes mais rápido que os desenvolvidos, têm muito mais reservas cambiais e a razão entre dívida e PIB é muito mais baixa neles. Some tudo isso e o dinheiro sempre terminará por retornar aos emergentes."


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