Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Foco
Perfumistas querem comércio justo para a 'supersafra' do Haiti
DA REUTERSO sol mal nasceu e o suor já escorre pela testa de uma lavradora que escava a terra com a enxada, em busca da preciosa raiz conhecida como a "supersafra" do Haiti.
O vetiver, uma gramínea tropical, é um tesouro agrícola haitiano pouco conhecido e produz um dos óleos essenciais mais procurados para a produção de perfumes finos.
"É um produto exportado", diz Rose-Marie Adona, 55, que trabalha em uma plantação de vetiver na costa sudoeste do Haiti. "Eles produzem óleo com ela e o cheiro é muito bom. Mas a compram de nós por quase nada."
A safra é uma grande fonte de emprego na região, onde lavradores extraem vetiver há décadas, sem grandes resultados a exibir desse trabalho exceto a subsistência --ao menos até recentemente.
Agora, a indústria de perfumes busca fazer mais por quem extrai o vetiver --que serve de base a fragrâncias famosas de grifes como Chanel, Guerlain, Estée Lauder, Christian Dior e Hermès.
Os grandes fabricantes de perfumes começaram a introduzir práticas de agricultura sustentável que compensem o dano ambiental causado ao arrancar da terra a raiz do vetiver. As mudanças também visam melhorar a rentabilidade dos agricultores e a qualidade do óleo extraído.
Os perfumistas pagam ágio de 15% aos agricultores que sigam as melhores práticas e lhes oferecem um preço mínimo. As práticas incluem não interferir com as raízes por pelo menos 12 meses e não extrai-las na estação chuvosa, de agosto a novembro.
Os principais fornecedores de matéria-prima de perfumaria, as suíças Firmenich e Givaudan e a americana Flavors and Fragrances, recentemente promoveram a organização de cooperativas e a introdução de novos padrões para elevar o rendimento e reduzir a erosão do solo.
Veja galeria de fotos
folha.com/no1447464