Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Inadimplência é só o primeiro sintoma dos problemas da Caixa

Sem dinheiro novo do governo, ritmo de expansão do crédito cairá e inadimplência deve subir

JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO

O aumento da inadimplência da Caixa Econômica Federal nos empréstimos para empresas no primeiro trimestre deste ano já é um reflexo das dificuldades que o banco estatal enfrentará até o primeiro semestre de 2015.

Pilar da expansão do crédito no país, a Caixa vinha recebendo dinheiro novo do governo federal para crescer o volume de empréstimos acima de 50% ao ano.

Foi assim de 2009 a 2012.

Neste ano, o governo fechou completamente a torneira. Como a Folha revelou, em março, não haverá injeção de recursos no banco neste ano. Ou seja: a Caixa ajudará o governo a apertar suas contas para cumprir a meta de economizar 1,9% do PIB.

Sem dinheiro próprio, a saída para o banco foi reduzir o ritmo de concessão de crédito. Um dos resultados dessa política já deu sinais: o aumento de 0,3% da inadimplência no trimestre.

Hoje, a carteira de empréstimos comerciais (para empresas) está em 2,6%.

Com menos recursos próprios, a Caixa já contingenciou o crédito para grandes empresas, que são boas pagadoras, e o crédito continuou rolando para as de médio e pequeno porte, com taxas de inadimplência maiores. O impacto já está no balanço.

Nos bastidores, o próprio banco trabalha com a perspectiva de que a inadimplência dessa carteira atinja 3% até o final deste ano.

Para compensar, a Caixa deverá diluir essas "perdas" com a carteira de crédito imobiliário e do consignado, que têm inadimplência menor.

Assim, a taxa geral de inadimplência do banco não será tão impactada pela carteira comercial e poderá ficar abaixo de 2,6%, dentro do patamar atual.

ANTECEDENTES

Essa situação significa, na prática, um freio na política de expansão de crédito que o governo vinha implementando turbinado, basicamente, pela oferta da Caixa.

Sem dinheiro novo, a Caixa não poderá mais crescer ao ritmo de 50%, como vinha ocorrendo até 2012, e crescerá, no máximo, 22%.

Isso porque, pelas regras internacionais de mercado, para cada R$ 100 concedidos em empréstimos por um banco, pelo menos R$ 11 precisam ser de recursos próprios.

Mas a situação pode ficar ainda pior caso o governo mantenha o arroxo na Caixa até o próximo ano.

No pior dos cenários traçados pelo banco, a "máquina" para se não houver dinheiro novo até o primeiro semestre do próximo ano.

Se a injeção de recursos não ocorrer até lá, não só a inadimplência será um problema, mas a própria solidez da concessão de crédito.

Em dezembro, o índice de capital próprio da caixa era de R$ 15 a cada R$ 100 em empréstimos. Estima-se que poderá fechar em 13%, em 2015.

A Caixa já estuda alternativas para tentar reduzir esses impactos. Mas nada evitará que o governo faça uma nova injeção de, pelo menos, R$ 2 bilhões no banco até, no máximo, o primeiro trimestre do próximo ano.

DESEMPENHO

Ainda não se sabe se a estratégia do "estica e puxa" na Caixa terá sucesso e se o desempenho do banco será comprometido.

O que já se sabe é que os dividendos pagos pelo banco ao governo terão de ser reduzidos à metade e que a Caixa também pode perder espaço na disputa do mercado de crédito para bancos privados.

Até o momento, essas instituições ainda não se mostraram com apetite para tomar o mercado que a Caixa tinha conquistado nos últimos anos, numa tentativa de diversificar sua própria geração de receita --antes muito focada na compra de títulos do governo. Hoje, mais da metade da receita do banco já é concessão de empréstimos.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página