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Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
Consumidor dá rumo ao preço do leite no campo
Pela primeira vez desde 2008, a rentabilidade dos produtores de leite caiu no primeiro trimestre. Até março, o recuo foi de 2,9%, enquanto os custos tiveram elevação de 3% no mesmo período.
Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que aponta --apesar dessa redução de margem-- um preço médio de R$ 1,011 para o litro de leite no período.
O valor médio recebido pelos produtores teve valorização real de 13% em relação a igual período de 2013.
Daniel Velazco-Bedoya, analista do Cepea, diz que o setor vive um momento de entressafra. O pico dela já passou no Sul, onde a produção deverá aumentar a partir do próximo mês.
Já na região central --Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro--, a entressafra está no começo e haverá redução na oferta.
A entressafra, com a consequente redução na captação de leite, deverá permitir uma elevação nos preços, de acordo com o analista.
Velazco-Bedoya diz que o início de 2014 foi atípico em relação aos demais anos. Houve uma forte queda nos preços pagos ao produtor nos meses de janeiro e fevereiro.
Animados com a margem de ganho de 2013, os produtores fizeram novos investimentos no ano passado e aumentaram a oferta de leite neste início de ano.
O resultado foi uma queda nos preços pagos aos produtores, que voltaram a se recuperar apenas em março.
Ao mesmo tempo, devido à seca, houve elevação atípica nos custos do setor nos primeiros meses deste ano. Os dados do Cepea apontam alta de 5% no período.
Velazco-Bedoya diz que uma recuperação de preços no campo passa também pela aceitação dos preços pelos consumidores. No início do ano, os consumidores não absorveram os aumentos praticados pelas indústrias.
O mercado ainda precisa tomar um rumo, segundo o analista. Ele cita o exemplo de Goiás, onde algumas indústrias reduziram os preços devido aos estoques de leite no Estado.
Ao não conseguir repassar os preços para os consumidores, a indústria paga menos também para o produtor.
DE OLHO NO PREÇO
cotações
Londres
Petróleo
(US$ por barril)110,36
Zinco
(US$ por tonelada)2.081
Mercado interno
Café
(R$ por saca)423,00
Algodão
(R$ por arroba)23,34
De carona Informações não confirmadas de que a Venezuela teria suspendido as importações de carne de Mato Grosso, devido às notícias do caso atípico de vaca louca no Estado, fizeram os frigoríficos da região pagar até R$ 3 a menos por arroba para os pecuaristas mato-grossenses.
Sem otimismo Os confinadores de gado já não estão tão otimistas como em fevereiro. Pesquisa feita no mês passado pela Assocon mostra que a expectativa de crescimento do confinamento, agora, é de 13% neste ano.
Menor Dois meses atrás, os pecuaristas estavam mais animados, e a intenção de confinar animais indicava um crescimento de 25%, aponta a pesquisa da entidade, que congrega os confinadores do país.
Boi magro A culpa por essa situação recai sobre os preços do boi magro, que se mantêm aquecidos. Custos de alimentação mais salgados também estão retirando pecuaristas do confinamento, segundo a Assocon.
Mais queda As carnes mantêm tendência de queda em São Paulo. A arroba de boi gordo caiu para R$ 122 nesta quinta-feira (22) e acumula recuo de 2,4% no mês, de acordo com a Informa Economics FNP.
Suínos Após a queda nos preços do boi e do frango nesta semana, agora foi a vez de a carne suína também recuar. A arroba caiu para preços médios de R$ 65,20 no Estado de São Paulo.