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Foco

Para entender a desigualdade, "Science" busca arqueologia, estatística e medicina

RICARDO MIOTO DE SÃO PAULO

Os cientistas tem muito a dizer sobre a desigualdade, defende uma edição especial da revista "Science", lançada nesta sexta-feira (23).

Os editores da publicação, uma das mais importantes no mundo no campo científico, apontam uma legião de pesquisadores em várias áreas, de historiadores a médicos, trabalhando no assunto.

Um exemplo: a arqueologia e a etnografia têm mostrado que a desigualdade é bem mais antiga que o imaginado.

A ideia consolidada de que a desigualdade teria começado com a agricultura --com a possibilidade de acúmulo de terra e de excedentes de produção-- tem se mostrado errada. Caçadores-coletores não viviam em igualdade.

Pesquisadores estão achando agora fortes evidências de que uma minoria de homens fortes e agregados, como uma oligarquia, juntavam-se para dominar áreas mais abastadas de frutas e animais, vivendo em abundância. Tal controle poderia ser passado aos descendentes, como herança.

A desigualdade também marcou civilizações como o Império Romano. No século 2, 1,5% dos romanos controlavam 20% de toda a riqueza.

ESTATÍSTICA

Além disso, a quantidade atual de dados disponíveis e a capacidade de processamento gigantesca dos computadores podem trazer conclusões interessantes.

Perto da possibilidade de análise estatística atual, é como se Marx ou Adam Smith tivessem trabalhado apenas no plano da intuição.

Um efeito colateral positivo do Projeto Genoma Humano surgiu quando cientistas tiveram de encarar uma quantidade imensa de dados que não pareciam fazer sentido. Eles desenvolveram, então, técnicas avançadas de reconhecimento de padrões nesse caos.

Essas ferramentas podem ser utilizadas para analisar temas econômicos. Prova disso é que agora até físicos trabalham com o tema.

(É justamente a qualidade da análise de dados do economista francês Thomas Piketty que está sendo questionada, como mostra a reportagem na página anterior.)

A psicologia também oferece descobertas interessantes na área. Estudos mostram que o bem-estar está mais relacionado com não ser mais pobre do que as pessoas ao seu redor do que à renda absoluta.

Ou seja, as pessoas tendem a preferir ganhar R$ 5.000 se todos recebem R$ 4.000 do que ganhar R$ 10.000 se os colegas levam R$ 20.000.

Há também pesquisadores na área de medicina dedicados a entender a perpetuação da pobreza antes do nascimento ou na infância.

Eles querem saber o quanto o acesso limitado à saúde pré-natal e a pior nutrição nos primeiros meses de vida, ao afetarem o desenvolvimento, podem ter consequências financeiras no longo prazo.


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