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Petrobras 'perde' R$ 10 bi com subsídio a gás

Valor deixou de entrar no caixa da empresa só na gestão Dilma, mas estatal não reajusta gás de cozinha há 11 anos

Apesar de a companhia arcar com os custos de importação, preço final ao consumidor subiu 62% desde 2003

PEDRO SOARES SAMANTHA LIMA DO RIO

Não é só o subsídio à gasolina que prejudica o caixa da Petrobras. Sob orientação do governo, a estatal não reajusta o preço do gás de cozinha às distribuidoras desde 2003, limitando o seu faturamento.

Só no governo Dilma --de janeiro de 2011 até o primeiro trimestre deste ano--, a estatal deixou de colocar no caixa R$ 10,5 bilhões ao não aumentar o preço do gás de cozinha, segundo cálculos do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).

Segundo Adriano Pires, diretor da consultoria, a estatal, assim como no caso da gasolina, arca com o custo de importação do gás quando o preço lá fora está maior --só em 2009, com a crise, a estatal vendeu mais caro no Brasil do que o preço internacional. Cerca de 30% do consumo nacional é suprido por GLP (o nome técnico do produto) vindo do exterior.

Pires pondera que a cifra representa menos nas contas da estatal do que a gasolina e o diesel, cujos volumes vendidos e preços são maiores.

"No caso do gás, foi uma decisão muito mais para fazer populismo com as classes mais baixas, mas também para conter a inflação. Já no caso da gasolina, é para segurar a inflação na veia." A gasolina tem maior peso na inflação que o gás de cozinha.

BENEFÍCIO PARCIAL

Apesar da política, o preço final do gás de cozinha subiu 61,6% desde 2003 pelo INPC, índice que agrega os consumidores de menor renda.

Todo o aumento decorre, alegam distribuidoras e revendas, de custos maiores com mão de obra e transporte. O gás representa 30% do valor final, que inclui despesas com a compra e manutenção dos botijões.

Especialistas dizem que o setor aproveitou para recuperar margens de lucro, sem o ônus de pagar mais pelo gás.

"Somos empresas muito mais de logística. O diesel, por exemplo, subiu. O nosso negócio é levar o botijão até à casa do consumidor", diz Sérgio Bandeira de Melo, presidente do Sindigás (sindicato das distribuidoras).

O executivo diz que, se o preço da Petrobras não tivesse ficado estável, o valor do botijão teria subido na mesma proporção da inflação. O INPC avançou 92,17% desde 2003 até abril deste ano.

HISTÓRICO

Até o governo FHC, havia o vale-gás para famílias de menor renda comprarem botijões. Na gestão Lula, o programa social foi incorporado ao Bolsa-Família. Pires diz que esse "subsídio para a população de baixa renda" foi empurrado para a Petrobras.

"A decisão traz impacto direto na receita de vendas e no lucro. Não vejo como isso possa ser revertido neste ano eleitoral, uma vez que se trata de produto com forte peso nas despesas das famílias de mais baixa renda", diz José Kobori, coordenador do MBA em Finanças do IBMEC/DF e estrategista da JK Capital.

Tais decisões, diz, prejudicam a avaliação da empresa pelo mercado, "derrubando" o desempenho de suas ações.


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