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BC encerra o ciclo de alta da Selic e mantém taxa básica em 11% ao ano
Decisão do Comitê de Política Monetária foi unânime; comunicado cita 'cenário macroeconômico'
Economistas preveem que juros voltam a subir em dezembro e chegam a 12,5% em 2015, o que deve afetar o crédito
O Banco Central decidiu nesta quarta-feira (28) manter a taxa básica de juros (Selic) em 11% ao ano, após uma sequência de nove aumentos consecutivos entre abril de 2013 e abril de 2014.
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), unânime, foi tomada a poucos meses das eleições presidenciais, em um momento de baixo crescimento da economia, desaceleração do crédito e alta da inflação.
Em seu comunicado, o BC disse apenas que avaliou "a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a a inflação".
Quando iniciou o ciclo de aperto monetário, a Selic estava em 7,25%, menor patamar da história. Na época, a inflação acumulava alta de 6,6% nos 12 meses até março, o que levou o BC a agir.
Hoje, o IPCA está em 6,3%, com expectativa de superar o teto da meta (6,5%) em julho e chegar a quase 7% às vésperas do primeiro turno. O BC tem afirmado que, se não tivesse agido, ela seria maior.
Trazer os juros para o patamar mais baixo dos últimos anos era uma das principais metas do governo Dilma. A Selic, entretanto, já está acima dos 10,75% verificados no fim do governo Lula.
As taxas ao consumidor estão subindo desde o início do ano passado (a média hoje é de 28% ao ano). Mas continuam abaixo das do começo do governo Dilma (32%).
Isso ocorre porque os bancos públicos cortaram "spreads" em 2012, parcela da taxa que inclui custos e margem de lucro.
A expectativa dos economistas consultados pelo próprio BC é que a taxa básica voltará a subir em dezembro e chegará a 12,5% em 2015, o que deve contribuir para nova desaceleração no crédito.
A alta da Selic está entre os fatores que ajudaram a reduzir a demanda por crédito, ao lado do endividamento das famílias, da queda no consumo e da cautela dos bancos.
Entre os argumentos do BC para encerrar o ciclo de alta dos juros, está a avaliação de que parte da alta de juros ainda não se refletiu sobre os índices de preços.
A instituição também tem afirmado que a alta dos alimentos neste ano é temporária, afetada por questões climáticas, e que os preços vão cair até dezembro.
Outra questão, citada por economistas, é a expectativa de que a economia feche 2014 com crescimento inferior aos 2,3% do ano passado. Quando Dilma foi eleita, o país crescia ao ritmo de 7%.
Há também a avaliação de que não adianta tentar segurar a inflação com juros enquanto o governo mantém em alta os seus gastos.