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Ou eu ou ele

Disputa entre empresas de 2 dos mais influentes homens de negócios do país cria impasse no comando do bilionário FI-FGTS, da Caixa

DAVID FRIEDLANDER JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO

Uma disputa entre empresas de dois dos mais influentes empresários do país, Marcelo Odebrecht e o banqueiro André Esteves, criou um impasse no comando do FI-FGTS, o bilionário fundo de investimentos em infraestrutura administrado pela Caixa Econômica Federal.

O ponto de atrito é um investimento de até R$ 500 milhões que o fundo pode fazer para comprar um pedaço da Estre, empresa de saneamento controlada pelo BTG, de Esteves, e pelo empresário Wilson Quintella Filho.

A Odebrecht Ambiental, que é rival da Estre e já é sócia do FI-FGTS, se sentiu traída. Desde o final do ano passado, afirma que haverá conflito de interesses se o fundo for acionista das duas concorrentes ao mesmo tempo.

Mesmo assim, em fevereiro o comitê de investimentos do FI-FGTS resolveu que a operação poderá ser aprovada, desde que a Estre renegocie com seus credores uma dívida de R$ 1,8 bilhão.

A votação final sai em um ou dois meses, mas antes disso a Odebrecht decidiu colocar pressão nos conselheiros do fundo. Duas semanas atrás, enviou uma carta de advertência a cada um deles.

No texto, afirma que a operação com a Estre criará um conflito de interesses e faz um alerta: se o FI-FGTS entrar mesmo na concorrente, estará descumprindo o contrato e seus representantes serão barrados nas reuniões estratégicas da Odebrecht.

O aviso deixou os conselheiros, que já tinham descartado o argumento do conflito de interesses, inseguros.

Segundo a Folha apurou, alguns sentem-se espremidos entre o BTG e a Odebrecht, e pediram pareceres jurídicos externos para orientar o voto final e se proteger contra ações judiciais.

Esse comitê é altamente politizado. Dos 12 integrantes, 9 são ligados aos deputados Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara, e André Vargas, que está sendo investigado pela Polícia Federal devido a seu suposto envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.

Procurados, Eduardo Cunha e André Vargas disseram que não têm nenhuma ligação com o FI-FGTS.

BARREIRA

Na carta enviada dia 12 à casa dos membros do comitê de investimentos, a Odebrecht mostra o que teria feito na última reunião do conselho da Odebrecht Ambiental caso o fundo já estivesse na Estre.

"Os membros indicados pelo FI-FGTS teriam sido alijados da única deliberação de investimento tomada e do conhecimento do andamento de outros três projetos", diz a carta.

Segundo a empresa, esse é um mecanismo previsto no acordo de acionistas.

Procurada, a direção da Caixa informou que discorda da posição da Odebrecht e que não possui "qualquer contrato de exclusividade" com as empresas nas quais investiu.

Pelo lado da Estre, o trabalho de convencimento é feito pelos representantes do BTG, que é sócio da Caixa no banco Pan (ex-Panamericano).

Eles estão o tempo inteiro com a área técnica para adequar sua proposta às pré-condições que o fundo impôs, para evitar que os conselheiros mudem seus votos e rejeitem a operação na fase final.

Contra o argumento do conflito, a Estre insiste que o FI-FGTS já está presente em empresas concorrentes de outros setores, como o de logística e o elétrico.

No mercado, a Odebrecht Ambiental e a Estre são vistas como candidatos a dominar o setor de saneamento, comprando empresas rivais. Numa tentativa de acelerar esse processo, seis anos atrás a Odebrecht Ambiental tentou uma fusão com a própria Estre para criar a primeira gigante do setor.

A Estre preferiu caminhar sozinha e comprou meia dúzia de concorrentes. Endividou-se e agora está se reestruturando para poder receber o aporte do FI-FGTS.

Sem isso, o comitê de investimentos já disse que não entra no negócio.

Procuradas, Odebrecht Ambiental, Estre e BTG não quiseram se manifestar.


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