Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Críticas do 'FT' estão erradas e não agregam, diz Piketty

Economista divulgou resposta mais completa a erros apontados por jornal

"Evidentemente nem leram com cuidado os artigos e os arquivos de Excel. Parece criticar por criticar", escreveu

RICARDO MIOTO DE SÃO PAULO

O economista francês Thomas Piketty divulgou ontem uma resposta aguardada e mais completa sobre os erros apontados no seu livro pelo jornal "Financial Times".

As críticas do periódico britânico a "O Capital no Século 21" são consideradas por ele erradas e não construtivas.

"Ao contrário do que eles sugerem, os erros apontados --dos quais eu discordo-- não afetam as tendências de longo prazo que aponto."

Um dos principais pontos apontados pelo "FT" era que a desigualdade atual no Reino Unido era bem menor do que o sugerido pelo francês.

Pikkety fala que 10% dos britânicos têm têm 71% da riqueza daquele país, mas os dados oficiais do governo dizem que esse valor é de 44%.

"Se esse dado do FT' fosse verdadeiro, o Reino Unido seria um dos países mais igualitários da história. Mais que a Suécia dos anos 1980, ou de qualquer período. Não parece plausível", escreve o economista francês.

O valor de 44% saiu de pesquisas baseadas em entrevistas domiciliares. Isso método não seria confiável, diz o autor, porque os ricos tenderiam a subestimar seu patrimônio. A estimativa de Pikkety parte de dados tributários, que seriam (um pouco) menos manipuláveis.

Ele rebateu também a crítica de que teria feito estimativas aleatórias de dados que não tinha para preencher séries históricas.

No caso mais exemplar, Pikkety tinha apenas informações sobre a riqueza da fatia 1% mais rica dos EUA antes de 1870. Para comparar os dados, porém, o ideal seria ter informações sobre os 10% mais ricos.

O "FT" acusou o economista de ter somado números aleatórios à primeira base de dados para chegar na informação desejada.

Segundo Pikkety, ele usou a distribuição de Pareto (modo tradicional e bastante consagrado de dados estatísticos em uma curva). "Eu deveria ter explicado isso de maneira mais clara", admite.

Pikkety lembra que novos estudos têm confirmado a sua defesa de que o mundo está se tornando mais desigual. Ele cita o recém-lançado estudo de Emmanuel Saez e Gabriel Zucman que confirma que os ricos nos Estados Unidos estão se apropriando de uma fatia cada vez maior da riqueza nacional --"se há algo errado no meu livro", escreve Pikkety, "é subestimar a velocidade desse aumento na concentração de renda".

"O que eu acho intrigante nessa controvérsia é que os jornalistas do FT' evidentemente não leram com cuidado os artigos técnicos e os arquivos de Excel que coloquei online", escreve Pikkety.

"Independentemente dos ajustes que foram feitos (e eu certamente concordo que ainda há muitas incertezas em um tema tão complexo e importante), deveria estar claro que isso não afeta as conclusões do livro", afirma o economista, lembrando ainda que a discussão se refere a apenas um capítulo.

"Críticas são muito bem-vindas, mas neste caso me parece um pouco criticar só por criticar."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página