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Renda das famílias passa a crescer em velocidade menor que a do PIB

Revisão mostra que PIB per capita cresceu mais no ano passado e renda perdeu fôlego em 2013

Desaceleração da renda ficou concentrada no 1º semestre, o que ajuda a explicar protestos de junho, diz ministro

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

A revisão (para cima) do crescimento da economia no ano passado indica que a discrepância entre o desempenho do PIB e da renda dos brasileiros se reduziu em 2013.

Entre 2003 e 2012, a renda medida pela Pnad (pesquisa por amostra de domicílios) cresceu quase duas vezes mais que o PIB (soma dos bens e serviços produzidos no país), o que alimentou críticas sobre se o crescimento econômico vem refletindo a realidade das famílias brasileiras.

Em 2012, dado mais recente divulgado pelo IBGE, a renda média cresceu 7,98% e o PIB por habitante, 0,1%, já descontada a inflação.

O resultado saiu no fim do ano passado e, desde então, o debate entre economistas e cientistas sociais pegou fogo. Como a renda pode crescer tão mais do que a economia é capaz de produzir?

Com a revisão divulgada ontem, o IBGE informou que o PIB por habitante cresceu mais em 2013: 1,6%, para R$ 24.100 por ano. Já a renda acusou perda de fôlego.

Os dados da Pnad, com informações coletadas em setembro de 2013, serão divulgados só no segundo semestre. Porém, a desaceleração da renda nas seis maiores regiões metropolitanas do país, captada na pesquisa mensal de emprego do IBGE, sinaliza um ritmo mais moderado.

Em setembro de 2012, o rendimento domiciliar per capita crescia a uma velocidade de 5,8% ao ano nessas regiões. Isso se reduziu para 1,8% em setembro de 2013.

Levantamento feito pelo ministro Marcelo Neri (Secretaria de Assuntos Especiais) sugere, contudo, que a desaceleração da renda concentrou-se no primeiro semestre com recuperação na segunda metade de 2013, prosseguindo até este ano.

"O comportamento do rendimento no início de 2013 ajuda a entender o clima de insatisfação na época das manifestações de junho. Nesse período, enquanto o PIB crescia 6% em termos anuais, a renda chegou a cair", afirma. "A renda e o consumo são o que, no fundo, determinam o bem-estar das pessoas".

Entre 2003 e 2012, diz Neri, a renda média cresceu 52% e o PIB per capita, 28%.

EFEITO INFLAÇÃO

Na avaliação do ministro, a discrepância ocorre em função da maneira como cada variável desconta a inflação. Não fosse isso, seu comportamento seria semelhante.

Para Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real, o avanço mais rápido da renda tem relação com o aumento do salário mínimo, principalmente em 2012, quando ele foi corrigido em 7,89%, descontada a inflação.

A discrepância entre renda e PIB é um "enigma", diz Bacha, que rejeita o discurso de que o povo "não come PIB", defendido pela economista Maria da Conceição Tavares. "Não se pode comer o que não foi produzido. O povo não consome pontes. Mas sem elas, o arroz não sai da fazenda".


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