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Prefiro não trabalhar

Quem são os 17 milhões de brasileiros que não estão à procura de emprego e por que escolhem, ao menos por ora, não trabalhar

DE SÃO PAULO, BELO HORIZONTE, SALVADOR E RECIFE

Em abril, 17 milhões de pessoas responderam ao IBGE que não gostariam de trabalhar -número 5,7% maior do que o apurado no mesmo período de 2013.

O baixo interesse desses brasileiros por um emprego formal é uma das explicações para a pequena taxa de desemprego, de 4,9% em abril.

Quem são os brasileiros que preferem não estar no mercado de trabalho? E por que fazem essa escolha?

Segundo Walter Silveira, analista do IBGE, idosos que contam com a aposentadoria e jovens de até 24 anos, que estão mais dedicados à qualificação profissional, são a maioria desse contingente.

Mulheres que não chefiam a família também têm participação relevante no total.

"Os mercados que ainda estão em expansão, como o da construção civil, empregam homens, majoritariamente", diz o analista.

Ele também lembra casos de mulheres que preferem ficar em casa por não encontrar remuneração adequada. "Às vezes, o salário não compensa gastos adicionais que ela terá ao sair de casa."

Mas há mães que, em situação financeira mais confortável, escolhem ficar um período sem emprego para se dedicar só aos filhos.

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Fabiana Rosa, 27, São Paulo

O salário que Fabiana Rosa, 27, recebia como empregada doméstica em um apartamento na República (região central de São Paulo) mal dava para pagar a creche dos três filhos menores. O valor cobrado, R$ 500 por mês, correspondia a mais da metade do que Rosa ganhava e, por isso, ela deixou o emprego no ano passado. "A maioria das minhas amigas não trabalha porque as cuidadoras cobram muito caro", diz.

Renée Alves, 18, São Paulo

Na semana passada, Renée Alves passou no curso de música de uma faculdade privada. Ele quer ser professor de canto e também estudar outros campos da arte. "Quanto mais a gente se especializar, mais portas se abrem." Alves não deseja entrar no mercado de trabalho tão cedo, mas pensa em estagiar em sua área para ganhar experiência. "Sem qualificação, você só faz trabalho braçal e demora muito para conseguir o que quer" diz.

Artur Szpak, 28, Recife

O engenheiro eletrônico decidiu não trabalhar para se dedicar aos estudos. Depois da especialização, emendou um mestrado. Formou-se em 2011 e nunca trabalhou. "O mestrado é minha ferramenta para chegar a concursos ou ao mercado." Hoje, ele vive com a família e não tem despesas.

Mileide Santana Santos, 21, Salvador

Deixou o trabalho de doméstica para cuidar do filho de 11 meses. Antes de sair, tentou reduzir a jornada, mas não conseguiu. "O dinheiro faz falta. Mas, como não tenho ninguém para cuidar do meu filho, preferi deixar o trabalho." A família vive com a renda do marido -um salário mínimo.

Fabiana Coletta, 24, São Paulo

Foi uma exposição de Adriana Varejão que levou Fabiana Coletta, 24, a estudar a geração de artistas plásticos brasileiros dos anos 1980. Ela faz mestrado em ciências sociais após terminar a graduação em jornalismo. A decisão de se aprofundar no tema veio depois de alguns meses como repórter. Coletta pensa em se tornar pesquisadora em sociologia da cultura, mas não antes de fazer um doutorado, que é o seu próximo plano.

Manoel Ourives, 73, e Leda Ourives, 63, Cuiabá

Após vinte anos como procurador do Estado de Mato Grosso, Manoel Ourives diz que seu trabalho agora é cuidar dos filhos e netos com a mulher, Leda. Ele se aposentou há sete anos e ajuda esporadicamente os dois filhos advogados.

Camila Teixeira Cecotti, 31, Belo Horizonte

A pedagoga deixou o emprego em uma escola infantil para cuidar em tempo integral da filha, hoje com 1 ano e oito meses. Casada com um professor de matemática, Camila abriu mão de uma renda familiar maior em troca da educação da pequena Letícia. "Resolvi ficar com a minha filha em casa. Vi que para ela seria melhor", diz a pedagoga, que já pensa em ter o segundo filho.


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