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Vinicius Torres Freire

Remendos econômicos eleitorais

Governo adota e estuda medidas a fim de evitar demissões em grandes fábricas antes da eleição

O GOVERNO dá indícios de que vai aplicar remendos e restos de esparadrapos econômicos restantes a fim de evitar notícias de demissões em grandes empresas antes da eleição.

A tentativa de facilitar empréstimos externos, notícia de hoje, e o pacotinho de crédito para a compra de carros, zum-zum dos últimos dias, são sinais de fumaça dessa queima final de cartuchos.

O Pibinho do primeiro trimestre, o colapso da confiança de empresários, a piora da indústria (confirmado ontem pelo IBGE) e a frente fria que chega ao setor de serviços são sinais de que a economia definha muito mais rápido do que se imaginava até março.

Grandes empresas de bens duráveis (carros, eletrodomésticos e eletrônicos) como que já avisaram que estão à beira de demitir. Isso não quer dizer que o desemprego vai explodir depois da Copa.

No entanto, seriam obviamente péssimas para o governo Dilma as notícias de demissões nas fábricas logo no início da campanha eleitoral. Além do mais, tal noticiário deixaria o clima da economia ainda mais nublado.

Por ora, o governo apareceu apenas com um pedaço menor de esparadrapo. Ontem, baixou o imposto, IOF, sobre dinheiro que se toma emprestado no exterior. Não é lá grande coisa e, pelo menos, a medida não tem efeito colateral daninho. Parece uma resposta à míngua de crédito nos bancos privados, em especial nos menores.

Nos últimos 12 meses, o total de dinheiro emprestado pelos bancos nacionais privados encolheu. Isto é, era menor em abril passado, dado mais recente, do que em abril de 2013, descontada a inflação. Dado que o volume de dinheiro emprestado por Itaú e Bradesco continua a crescer, a coisa está difícil mesmo na oferta de crédito dos "pequenos".

A ideia de baixar o IOF, ao que parece, é reduzir o custo de captação de dinheiro dessas instituições, de modo a induzi-las a emprestar mais. Não vai fazer grande efeito, ainda que funcione. Para funcionar, é preciso que os bancos tenham expectativa de que não vão levar calote e que os clientes tenham coragem de se endividar.

Enfim, empresas em tese poderiam também tomar empréstimos mais baratos. No entanto, a julgar por indicadores de confiança e investimento, as empresas estão na retranca.

O pacote de crédito para carros, em estudo, permitiria que bancos maiores usassem parte do dinheiro que são obrigados a deixar parado no Banco Central. Grosso modo, para trocar a coisa em miúdos práticos, com tais recursos financiariam bancos menores (das montadoras), que poderiam financiar mais veículos.

No fundo, nem tão fundo assim, tais medidas são um contrassenso, em especial o hipotético pacote de crédito para a compra de carros. O Banco Central aumentou a taxa de juros a fim de também conter a expansão do crédito, do consumo e, por tabela, do emprego e dos salários, o que obviamente não sai barato em termos sociais e custa dinheiro ao governo (que vê sua conta dos juros de sua dívida aumentar, claro).

O governo, no entanto, quer colocar água no chope do Banco Central: quer enfraquecer o efeito da política de alta de juros. Isso obviamente não faz sentido algum.

vinit@uol.com.br


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