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Cristina quer pagar dívida na Argentina
Após derrota para credores na Justiça dos EUA e correndo risco de confisco, governo propõe troca de papéis
Ministro da Economia do país vizinho diz que pagar os fundos seria como aceitar uma ordem de suicídio
O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, afirmou nesta terça (17) que a Argentina vai trocar os papéis de dívida reestruturada para pagá-la no próprio país.
É uma maneira de tentar evitar o confisco do pagamento pela Justiça dos EUA, que determinou que o país deve acertar sua dívida com os detentores de títulos que não aceitaram a reestruturação. De acordo com o ministro, trata-se de algo em torno de US$ 15 bilhões.
Na segunda (16), a Argentina perdeu uma ação na Justiça americana. Ficou decidido que o governo deve pagar US$ 1,3 bilhão ao fundo de investimentos NML. Apesar de ter havido duas trocas dos papéis (em 2005 e 2010), cerca de 8% dos credores não aceitaram os novos termos.
O NML detém uma parte desses títulos.
Kicillof comparou o ato de pagar os "fundos abutres" --como o governo de Cristina Kirchner chama esses investidores-- equivalente a obedecer a uma ordem para cometer suicídio.
Caso esses investidores não recebam o pagamento, o dinheiro que a Argentina depositar no banco dos Estados Unidos para compensar os credores da dívida reformada será confiscado.
"Não podemos permitir que nos impeçam de honrar nossa dívida reestruturada. Assim, não vamos permitir que embarguem [esse pagamento]. Estamos iniciando os passos para uma troca para pagar a dívida na Argentina."
Antes do discurso do ministro, a agência Standard & Poor's rebaixou a a nota do país em dois pontos, de CCC+ para CCC- (em ambos o caso, muito abaixo do selo de bom pagador). No texto da agência, há o aviso de que caso haja uma interrupção no pagamento ou uma troca de dívida, a nota irá cair ainda mais, para SD (calote seletivo).