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'Cada vez que releio uma obra, acho coisa nova', diz economista
DE SÃO PAULOO ex-ministro Delfim Netto falou à Folha sobre o hábito de leitura, que ele considera um vício. Leia abaixo trechos da entrevista.
Folha - O que tem nessa biblioteca? Alguma raridade?
Delfim Netto - Não tem nenhuma primeira edição, nenhuma preciosidade. São livros de trabalho, não só de teoria econômica, mas também matemática, história, sociologia.
Tem livros sobre religião, química e até vida das abelhas?
As áreas de interesse foram acontecendo. É importante para entender o desenvolvimento do conhecimento. Como viajei muito, tive oportunidade de conseguir cópias em várias bibliotecas. Fiquei três anos em Paris como embaixador pesquisando.
O sr. é apegado aos livros?
É um vício. Eu leio pela tarde. Hoje, releio obras da história do pensamento econômico. E me divirto muito. Quando você relê um livro antigo, acrescenta coisas que você não sabia da primeira vez que leu. Você descobre coisas que, às vezes, nem o autor queria [transparecer].
O que o senhor espera com a biblioteca agora pública?
Espero que cada um use da melhor maneira possível. Livro é um vício. Tem muita gente interessada em aprender, estudar e conhecer coisas. A biblioteca é bastante rica em marxismo, keynesianismo e história do pensamento.
O senhor escreve à máquina?
Uso a máquina até hoje. O som me ajuda a pensar. Depois minha secretária digita. Eu preparo um pouco, penso e depois escrevo.