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Chineses usam feira para avançar no país

Eventos de negócios são parte da estratégia asiática para ganhar mais terreno em áreas como máquinas e autopeças

Indústria nacional vê movimento com desconfiança e critica qualidade de produtos vindos da China

FLÁVIA FOREQUE RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA

O mercado brasileiro tornou-se uma das maiores apostas dos produtores chineses no exterior, para desespero da indústria nacional, que reclama da invasão de importados --em especial do país asiático.

No ano passado, as mercadorias produzidas na China representaram 15,6% das importações brasileiras, um recorde histórico e mais que o triplo de dez anos antes.

O país tornou-se o principal fornecedor de produtos estrangeiros para o Brasil, e os chineses não querem correr o risco de perder esse filão.

Em julho, trarão ao Brasil duas feiras de negócios com foco em equipamentos elétricos, máquinas e autopeças.

Serão 435 fornecedores e mais de 2.500 produtos, que serão exibidos em São Paulo. Haverá ainda expositores de móveis, têxteis e iluminação.

Dentre os Brics, grupo de economias emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os chineses consideram o Brasil o país mais promissor para o aumento de suas exportações nesses segmentos.

"Há ainda muito espaço para ser ocupado. As exportações da China para o Brasil estão crescendo. Isso significa que alguém está comprando aqui, que existe demanda", diz Binu Pillai, empresário indiano responsável pelas feiras, que são itinerantes e já passaram por sete países.

A intenção é ampliar a fatia dos chineses aqui e fugir do estereótipo de que o "made in China" não tem qualidade e design próprio.

"Não estamos falando de produtos baratos. Existe um estigma de que negócio da China é barato. Essa não é uma feira de consumo, é de negócios, para quem entende do assunto", diz Anselmo Carvalho, responsável por trazer os eventos ao país.

DESCONFIANÇA

A indústria nacional vê o movimento com desconfiança. Feiras com objetivos similares organizadas anteriormente não tiveram sucesso de público, afirma José Velloso, presidente-executivo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

Segundo ele, falta confiança na qualidade dos produtos. "Se fosse uma feira alemã ou suíça, acreditaria [na qualidade]. Mas chinesa, não. O chinês se diferencia única e exclusivamente pelo preço. Não por tecnologia e inovação do produto", diz.

O setor que Velloso representa vem sendo fortemente atacado pela invasão de produtos chineses.

Hoje, apenas 30% do maquinário comprado pelos brasileiros vem da indústria nacional e, entre os importados, os chineses são os que mais avançaram nos últimos anos.

Atualmente, perdem para os Estados Unidos, mas a diferença nunca foi tão pequena. Se em 2007 tinham 8% do mercado, hoje detêm 20%, ante 25% dos americanos.

"A indústria nacional vive uma crise. Então, o industrial brasileiro quando precisa comprar uma máquina nova, acaba comprando o chinês, que é muito mais barato", afirma Velloso.

Os chineses contam com a demanda interna para fechar negócios e levar os brasileiros a gastar um pouco mais com o produto feito na Ásia.

"O fato é que a China produz para o mundo inteiro. Muitos produtos, mesmo aqueles vindos dos EUA, como os iPhones, são produzidos na China. Alguns empresários tiveram experiências ruins em negócios com a China, eu concordo, mas essa percepção não é a realidade", afirma Pillai.

A expectativa é que 6.000 potenciais compradores circulem pelos estandes das feiras e que sejam fechados contratos de US$ 800 milhões nos três dias de evento.


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