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Brasil nas quartas aquieta 'urubus' do mercado financeiro
RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULOA "Copa das Copas" conquistou até os piores "urubus" do mercado financeiro. Com o Brasil nas quartas de final, os investidores perderam a esperança de lucrar com a derrota e pararam de "secar" a seleção.
Antes de a competição começar, a expectativa era que um colapso na organização e/ou um vexame em campo, como a eliminação do Brasil logo no início, poderiam impulsionar o preço das ações.
O ciclo seria o seguinte: um desastre na Copa recrudesceria o pessimismo, diminuindo as chances de reeleição de Dilma, e favoreceria as ações das estatais. Esses papéis estão sendo prejudicados pelo intervencionismo do governo na economia.
Essa avaliação pipocou em relatórios e declarações de analistas antes da Copa. Passado o sufoco da partida contra o Chile, que o Brasil venceu nos pênaltis, o jogo virou.
"O ponto mais perigoso já passou. Estamos perto de um momento em que uma performance da seleção será satisfatória, mesmo que não ganhe a Copa", diz Jorge Mariscal, chefe de análise para mercados emergentes do banco suíço UBS.
O mercado agora faz a conta do efeito contrário. Se o Brasil passar pela Colômbia hoje, pela semifinal e erguer a taça no fim da semana que vem, Dilma vai subir nas pesquisas e a Bolsa pode cair?
"Se o Brasil for bem, favorece o governo. Mas ainda não está claro quando tempo vai durar o efeito Copa nas intenções de voto e no mercado", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Os investidores estão atentos às pesquisas eleitorais. Nesta quinta-feira (3), o Datafolha divulgou um aumento nas intenções de voto em Dilma para 38%.
Mas a oposição também cresceu e os demais candidatos somados chegaram aos mesmos 38% --o que significa mais chances de segundo turno. O mercado se animou e o Ibovespa subiu 1,59%.
A percepção dos analistas é que um sucesso na Copa renderá dividendos eleitorais para Dilma apenas no curto prazo, porque a economia continua decepcionando e a indústria vai muito mal.
Para André Sacconato, diretor de pesquisa da Brain (Brasil Investimentos e Negócios), o Brasil teve um avanço institucional e as pessoas hoje diferenciam futebol, economia e governo. "Essa história de que o futebol é o ópio do povo está, felizmente, cada vez mais distante", diz.