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Sócios da PT deverão ter menos ações da "nova Oi"
Medida é saída para evitar dano à fusão
Os sócios da Portugal Telecom (PT) deverão receber cerca de 8% menos ações da "nova Oi" para que o processo de fusão entre as duas teles não pare ou sofra atrasos.
A Folha apurou junto a fontes próximas às negociações que a medida é a principal proposta para pôr fim ao imbróglio que se tornou o "empréstimo" de € 897 milhões (R$ 2,7 bilhões) feito pela operadora portuguesa à empresa que controla o Banco Espírito Santo (BES), um dos sócios da PT --e, futuramente, da "nova Oi".
Oficialmente, a PT informou que usou o dinheiro para comprar, em abril, notas promissórias da Rioforte, dona do BES, que está em dificuldade financeira.
Parte dessas notas vencem em julho e, ainda segundo apurou a reportagem, a Rioforte quer renegociar.
O "empréstimo" não foi submetido ao conselho de administração da PT, porque se tratava de uma "aplicação" feita pela SPGS, empresa que controla a Portugal Telecom.
Para os sócios brasileiros da PT --a Andrade Gutierrez e a La Fonte-- isso não alivia.
O "empréstimo" ocorreu no momento em que ambas as partes definiam o aumento de capital de quase R$ 14 bilhões na "Nova Oi" e que, na prática, selou a fusão.
Uma possível baixa desse "empréstimo" após aumento de capital afetará o valor das ações da "Nova Oi" --e, segundo eles, por uma decisão unilateral dos portugueses. Por isso, deixaram o conselho da PT.
Agora, a saída será reduzir a participação dos sócios da PT na "nova Oi". Ainda segundo apurou a reportagem, a "nova Oi" deverá assumir a dívida com a Rioforte, transformando-a em ações que ficarão na tesouraria (não estarão circulando).
INSASTIFAÇÃO
O problema é que essa saída fará com que a participação dos sócios portugueses na "nova Oi" caia dos atuais 38% para 30%.
Essa situação altera os termos iniciais da parceria entre PT e Oi, que previa participação acionária do bloco português em torno de 40%.
O Grupo Ongoing e a Visabeira, outros sócios da PT, partiram para o ataque, cobrando Henrique Granadeiro, presidente da SPGS.
Oficialmente, as três empresas (Oi, PT e Grupo Espírito Santo) se limitam a informar que buscam uma forma de "encontrar as soluções adequadas para proteger os interesses dos acionistas da PT e da Oi".