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Juiz manda Argentina buscar acordo '24 horas'
Magistrado se recusa a suspender sentença que obriga país a pagar credores no dia 30
O juiz americano Thomas Griesa negou novamente o pedido da Argentina para suspender a execução da sentença que obriga o país a pagar a seus credores até a próxima quarta-feira (30).
O juiz ordenou que os representantes da Argentina e dos investidores negociem "24 horas", por meio do mediador indicado por ele, até chegar a um acordo que evite um novo calote do país.
"Se não forem dados passos sensatos, haverá um default' no fim de julho", disse o juiz. Para Griesa, o calote seria o "pior cenário", já que afetaria "pessoas reais".
A suspensão de pagamentos, porém, "não é algo necessário para atingir um acordo entre as partes", afirmou.
Os advogados argentinos insistiram na audiência desta terça-feira (22) que é "impossível" chegar a um acordo até o dia 30.
A Justiça americana determinou que Buenos Aires precisa pagar US$ 1,3 bilhão aos fundos que não aceitaram renegociar sua dívida no mesmo momento em que depositar a parcela dos credores que aceitaram a reestruturação (e, portanto, aceitaram conceder um desconto de 70%), na próxima semana.
A Argentina quer a suspensão da execução da ordem judicial para ganhar tempo.
Em dezembro, vence a cláusula do acordo de reestruturação que impede o país de oferecer condições mais vantajosas aos credores que rejeitaram sua oferta inicial, sob pena de ter que estender a oferta àqueles que acataram a renegociação --donos de 92% do total devido.
Nesta terça, o chefe de gabinete da Presidência argentina, Jorge Capitanich, afirmou que as "implicações sistêmicas" da cláusula seriam de US$ 320 bilhões a US$ 500 bilhões para os cofres do país.
O mediador nomeado pelo juiz americano, Daniel Pollack, convocou uma reunião para a manhã desta quarta (23), mas não deixou claro se as partes ficariam frente a frente, algo inédito nesta fase da negociação.
Federico Muñoz, advogado especializado em finanças, afirma que dificilmente haverá acordo antes da próxima semana, pois o governo já demonstrou resistência. (ISABEL FLECK E FELIPE GUTIERREZ)