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Planalto procura porta-voz para a política econômica

Sem opções, comitê de campanha de Dilma escalou técnico para debate com economistas de PSDB e PSB

Funcionários do ministério dizem que, mesmo internamente, debate é limitado, para evitar vazamentos

NATUZA NERY DE BRASÍLIA

Na última segunda-feira, o ministro Guido Mantega (Fazenda) surpreendeu o Palácio do Planalto. Publicou, sem combinar com a Casa Civil, uma portaria reduzindo imediatamente o limite de isenção para trazer produtos do exterior entrando no Brasil por via terrestre.

Horas depois, precisou voltou atrás e revogar a regra.

A marcha a ré em decisões já tornadas públicas tornou-se um hábito recorrente. Num prazo de apenas sete meses, a pasta recuou cinco vezes (veja quadro ao lado).

Segundo os próprios funcionários do Executivo, as idas e vindas na economia reforçam a imagem de que o governo não consegue formular políticas de longo prazo, atuando apenas no controle de danos de curto prazo.

Essa ideia, avaliam até auxiliares presidenciais, afeta algo fundamental na economia: a previsibilidade.

Outro exemplo concreto disso foi dado pelo Banco Central nesta semana. Na quinta, de forma inédita, o BC informou que não pretende cortar a taxa básica de juros (11% ao ano) pelos próximos meses por causa da inflação alta. Juros altos inibem a tomada de empréstimos e reduzem o volume de dinheiro disponível no mercado.

Menos de 24 horas depois, a equipe do presidente Alexandre Tombini anunciou ações para facilitar a concessão de crédito pelos bancos.

É como tentar dirigir um carro pisando, ao menos tempo, no freio e no acelerador.

Os recuos e sinais trocados demonstram a ausência há muito criticada pelo ex-presidente Lula de uma estratégia de comunicação para dirigir a economia.

A campanha pela reeleição nem sequer tem um porta-voz econômico. Na semana passada, por exemplo, o Planalto demorou a encontrar um especialista que pudesse representar o comitê de Dilma em um debate televisivo com economistas do PSDB e do PSB, e acabou recorrendo a um técnico da Fazenda.

Na avaliação interna, é preciso haver um "anti-Armínio" (o ex-presidente do BC Armínio Fraga, referência do presidenciável tucano Aécio Neves) para rivalizar com oponentes no debate sobre crescimento, inflação e câmbio.

Técnicos da Fazenda não se recordam nem sequer da última vez em que viram um grande debate sendo travado nos bastidores da equipe econômica. Quando há diálogo, o quórum é limitado para evitar vazamentos à imprensa, que a chefe detesta.

Não por acaso, a Fazenda formulou poucas políticas novas nos últimos meses.

Note-se que no mais recente pacote para estimular a indústria, lançado em junho, os verbos usados eram "prorrogar" (crédito mais barato para investimentos); "retomar" (devolução de impostos pagos por exportadores) e "manter" (refinanciamento de débitos empresariais).

De dezembro para cá, houve mudança de rumo nas decisões sobre tributação de automóveis e equipamentos da linha branca, equipamentos de segurança em veículos, taxação de bebidas frias e de produtos trazidos do exterior por pessoas físicas.

Em sua defesa, o Ministério da Fazenda aponta que as mudanças nas decisões refletem a instabilidade do cenário econômico global.


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