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Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
México negocia compra de mais carne brasileira
Diante de problemas enfrentados recentemente na produção avícola e com a alta da demanda interna, o México quer ampliar a importação de carnes, de genética animal e de ovos do Brasil.
O setor de carnes suína e de aves brasileira está no país para uma rodada de negociações. E os resultados podem superar as expectativas.
Uma das novidades, e que surpreendeu os brasileiros, é a disponibilidade dos mexicanos para importar até 100 mil toneladas de carne de peru, 29% do que o Brasil produz anualmente. Esse é um mercado de pouca tradição no país, à exceção do período das festas natalinas.
Francisco Turra, presidente da Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal), diz que os mexicanos querem ampliar o número de empresas brasileiras habilitadas a exportar carne de frango.
Atualmente são cinco, mas uma missão que virá ao Brasil poderá elevar de 15 a 20 as novas unidades aptas a vender para os mexicanos.
Quanto às importações de carne de peru, Turra diz que essa abertura é muito interessante para o Brasil, que produz próximo de 350 mil toneladas por ano.
Os principais mercados do Brasil nesse segmento são Europa e África do Sul, e a chegada dos mexicanos poderia ampliar a produção nacional.
Os produtores de carne suína também viram com bons olhos as negociações com os mexicanos, que prometem abrir o mercado para o Brasil.
Com a disseminação da diarreia suína na América do Norte, que afetou Canadá, EUA e o próprio México, a demanda cresceu na região.
Turra diz que o status sanitário do setor de suínos no Brasil surpreendeu os mexicanos, principalmente quando souberam que o mercado brasileiro está aberto para Estados Unidos e Japão, países com muito rigor nas importações de proteínas.
As negociações envolveram os ministérios da Agricultura e da Economia do México, embaixada brasileira e representantes do Ministério da Agricultura do Brasil, além da cadeia de produtores e exportadores de proteínas.
"Pelo menos cem empresários e representantes da cadeia de carnes participaram de uma apresentação brasileira sobre o setor de proteínas no Brasil", diz Turra. "Saímos muito satisfeitos desses encontros."
Carne A produção de carne vermelha (bovina e suína) caiu 2,5% no primeiro semestre deste ano nos Estados Unidos, ante igual período de 2013. O maior recuo foi o da carne bovina, que ficou 5% inferior à registrada em 2013, segundo o Departamento de Agricultura.
Genética da Índia O projeto nelore JOP --importação de embriões da Índia por seis pecuaristas-- soma 250 animais nascidos no Brasil. O próximo passo é avaliar a qualidade dos machos usados em fêmeas nacionais. Os bezerros nascem em agosto.
JBS amplia confinamento para o 'mercado de luxo'
Para atender ao "mercado de luxo" da carne, a JBS vai ampliar o seu confinamento em Guaiçara (SP). Com o investimento, cujo valor não é divulgado, a empresa vai aumentar de 26,5 mil para 33 mil o número de animais confinados por ano no local.
O objetivo é aumentar a oferta da linha Swift Black, voltada principalmente a restaurantes. Segundo Henrique de Freitas, gerente de projetos especiais da JBS, o mercado de carnes especiais cresce entre 10% e 12% ao ano.
A diferença de preço entre a linha tradicional e a especial é de 80% a 90%. O quilo de uma picanha Black custa aproximadamente R$ 110 no varejo, segundo Freitas.
Ele diz que a demanda cresce especialmente em casas de alta gastronomia, que apresentam elevado grau de fidelização nas compras de carne bovina.
O confinamento de Guaiçara é voltado exclusivamente a esse mercado e, por isso, só recebe para a terminação animais do Sul do país, com três quartos de sangue britânico. O abate ocorre na unidade da empresa em Lins (SP), onde as carcaças são desossadas em um ritmo 30% mais lento do que o normal, com a finalidade de produzir uma carne diferenciada.