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Calote argentino dá prejuízo ao Postalis

Fundo de pensão dos funcionários dos Correios pode perder R$ 190 mi com títulos da dívida do país vizinho

Instituição diz que investimento foi à sua revelia e deveria estar em papéis brasileiros; banco nega má gestão

RAQUEL LANDIM DAVID FRIEDLANDER DE SÃO PAULO

Os funcionários e os aposentados dos Correios correm o risco de perder R$ 190 milhões com o calote da Argentina, que deixou de pagar sua dívida externa pela segunda vez em 13 anos.

O fundo de pensão Postalis, dos Correios, aplicou R$ 370 milhões em papéis garantidos por títulos da dívida argentina. Cerca de metade desse dinheiro está praticamente perdida.

Esses papéis, conhecidos como notas de crédito, potencializam os lucros, mas também as perdas no caso de calote. São considerados um investimento de alto risco.

No último dia 30, um juiz americano impediu a Argentina de pagar os juros de sua dívida até que se acerte com credores que a processam.

O investimento do Postalis é administrado pelo BNY Mellon. Na segunda-feira (4), o banco americano informou às autoridades reguladoras que a aplicação perdeu 51,5%.

"Em virtude da suspensão do pagamento dos títulos da dívida externa da Argentina e da mudança na metodologia de avaliação de alguns títulos, foram realizadas provisões [reservas de dinheiro para cobrir perdas]", informou o banco.

No site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o patrimônio líquido do fundo Brasil Sovereign II Fidex caiu de R$ 384,4 milhões em 31 de julho para R$ 186,5 milhões em 1º de agosto. O Postalis é o único cotista desse fundo.

O Postalis é o 14º maior fundo de pensão do país. Administra quase R$ 8 bilhões e tem 200 mil participantes. O fundo amarga um deficit de quase R$ 1 bilhão.

PROCESSO

Em nota à reportagem, o Postalis diz que o investimento malsucedido em títulos da dívida argentina foi feito à sua revelia. Pelas regras do fundo, "ao menos 80% do dinheiro deveria ter sido aplicado em títulos da dívida externa brasileira, mas os títulos foram trocados por outros ligados à dívida argentina".

O Postalis informa ainda que "contratou escritórios de advocacia no Brasil e nos EUA para defender seus interesses". Segundo apurou a Folha, a fundação cogita processar o BNY Mellon ainda nesta semana.

O banco afirmou em nota que "não há fundamento para ação judicial e que se defenderá vigorosamente". Segundo o Mellon, a aplicação foi feita pela antiga gestora do fundo, a Atlântica.

A gestora foi processada em 2012 nos EUA por cobrar comissões indevidas do Postalis. O caso foi um dos motivos para a recente troca da diretoria do fundo, que havia sido indicada pelo PMDB.

Representantes da Atlântica não foram localizados.


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