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Lucro da Petrobras cai 25% no semestre
Defasagem no preço de combustíveis e dívida derrubam ganhos de R$ 13,9 bi, no 1º semestre de 2013, para R$ 10,4 bi
Dívida foi a R$ 241,3 bilhões em 30 de junho, alta de 5% sobre março, mas melhorou a relação entre dívida e Ebitda
Produzir o máximo de combustível e cortar custos não foram ações suficientes para melhorar o resultado da Petrobras. A defasagem no preço dos derivados, o peso de sua grande dívida e a dificuldade em aumentar a produção derrubaram seu lucro em 25% no primeiro semestre, frente a igual período de 2013, de R$ 13,89 bilhões para R$ 10,35 bilhões.
Entre abril e junho, o resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que previa lucro de R$ 7 bilhões: fechou em R$ 4,959 bilhões, 8% abaixo dos R$ 5,39 bilhões verificados entre janeiro e março. No confronto com o segundo trimestre de 2013, a queda foi de 20%.
No semestre, segundo o comunicado da empresa ao mercado, a área de abastecimento ampliou o prejuízo em 32%, de R$ 10,1 bilhões para R$ 13,4 bilhões, principalmente devido à importação de combustíveis.
No segundo trimestre, o preço da gasolina vendida nas refinarias da Petrobras estava 16,4% abaixo da cotação internacional, e o do diesel, 9,8%, calculou o Centro Brasileiro de Infraestrutura a pedido da Folha. A diferença é absorvida pela Petrobras.
O último reajuste autorizado pelo conselho de administração da empresa, no qual sete dos dez integrantes representam o governo, foi em novembro do ano passado.
Para tentar reduzir o impacto da importação de derivados, a Petrobras tem levado suas refinarias a rodar com 96% da capacidade, contra 92% três anos atrás. Segundo divulgou o IBGE na semana passada, a produção de derivados foi um dos poucos destaques em junho.
"A defasagem no preço dos combustíveis é um dos principais impactos no caixa da Petrobras hoje", diz o analista Cláudio Duhau, da Ativa.
O lucro menor se deve também a impacto de R$ 766 milhões com pagamento de juros de dívida, menor receita financeira e mais impostos.
O mercado esperava lucro maior no segundo trimestre porque o dólar caiu de R$ 2,37 para R$ 2,23, reduzindo as perdas com importações de combustíveis, e porque a produção havia crescido 3%, para 2,6 milhões de barris.
O Ebitda, que indica a capacidade de gerar caixa, cresceu 13% entre o primeiro e o segundo trimestres, de R$ 14,3 bilhões para R$ 16,2 bilhões, mas caiu 11% na comparação anual, de R$ 34,2 bilhões para R$ 30,6 bilhões.
A dívida da empresa bateu em R$ 241,3 bilhões em 30 de junho, contra R$ 229,7 bilhões ao fim de março, avanço de 5%. A relação entre dívida e Ebitda melhorou um pouco de março para junho, de 4 para 3,94. Esse indicador é considerado muito importante pelo mercado: quanto mais baixo, menos endividada a empresa está.
Graça é cobrada pelos conselheiros da empresa a baixá-lo para 2,5 até o fim de 2015. Para isso, depende de reajuste dos combustíveis e de aumento na produção de petróleo. A meta é produzir mais 7,5% este ano, mas até agora só conseguiu 1%.