Folha de S.Paulo

Esteticista de animal e psicólogo estão em alta

INGRID FAGUNDEZ DE SÃO PAULO

Maître no Brasil há mais de 30 anos, o paraguaio Carlos Carrillo, 58, prevê, em breve, a extinção de seu cargo.

"É uma figura de outra época, o glamour era levado em conta", diz.

Mudanças no mercado de trabalho e na sociedade têm feito com que algumas profissões desapareçam, enquanto outras, novas ou antigas, ganham força.

Entre as ocupações que contrataram mais do que demitiram entre 2007 e 2013, estão agente funerário (2.476), psicólogo (7.862) e esteticista de animais domésticos (870).

Já no caso de maître e padeiro, as demissões ultrapassaram as admissões em 4.239 e 1.570, respectivamente.

Muitas das profissões que têm crescido estão ligadas ao boom do setor de serviços, impulsionado pela alta da renda no país. Isso aumentou, por exemplo, o cuidado com a saúde mental, elevando as contratações de psicólogos e psicanalistas.

"Se quebrou um tabu. Há alguns anos, perguntavam se quem ia ao psicólogo era louco", diz Rogério Giannini, presidente do sindicato dos psicólogos de São Paulo.

Para Giannini, as condições de vida atuais aumentam a ansiedade e a angústia.

Os afastamentos pelo INSS para casos de transtorno mental e comportamental provocados pelo trabalho cresceram 9,4% em 2013 em relação a 2012.

Carreiras novas como a de esteticista de animais domésticos (responsável por pintar as unhas e fazer cortes) também foram impulsionadas.

A possibilidade de escolher serviços diferenciados levou à alta de contratações até no ramo funerário. Na última década, o setor viu a multiplicação de crematórios, de vendedores e o surgimento de cerimônias personalizadas. Isso elevou a procura por agentes funerários.

"Faltam profissionais com a qualificação necessária. Muita gente abandona no meio", diz o agente funerário Edson Felipe Franco, 36.

Por outro lado, o avanço da tecnologia e a necessidade de cortar custos afetam negativamente outras profissões.

Cargos de coordenação, como maître, são cortados. O trabalho manual é substituído pelo mecanizado, eliminando postos como o de digitador e de padeiro.