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Governo descarta pressão para aderir à sanção contra Rússia

Brasil deve se beneficiar com embargo comercial da UE e dos EUA vendendo carnes e produtos agrícolas ao país

Para o Itamaraty, qualquer pressão europeia ao Brasil para suspender embarques fere as regras da OMC

RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA

O governo brasileiro não teme pressão da União Europeia para que o país desista de substituir as exportações de alimentos para a Rússia. A venda de produtos agrícolas europeus foi bloqueada pelo governo de Moscou em resposta às sanções estalecidas pelo bloco.

A mesma medida recaiu sobre EUA, Canadá, Noruega e Austrália, que também adotaram restrições ao país devido à sua posição na crise da Ucrânia.

Por ser uma potência no setor, o Brasil passou a ser um dos principais candidatos a se beneficiar pela medida.

Qualquer movimento comercial de europeus para minar o avanço brasileiro na Rússia entraria em choque com as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio), que não permite retaliação nessas situações, segundo representantes do Itamaraty ouvidos pela Folha.

De acordo com esses interlocutores, o bloco europeu está enviando "mensagens indiretas", porque sabe que a medida política fará com que seus produtores percam mercado num momento difícil.

A avaliação é que, caso o Brasil decidisse interferir nas vendas do setor privado para a Rússia, na prática, acabaria unindo-se ao bloco nas sanções, o que não interessa ao país. O governo brasileiro vem mantendo um discurso cauteloso em relação ao conflito na Ucrânia e buscando uma posição neutra.

Os ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura não comentam oficialmente a questão. As duas pastas afirmaram apenas que não receberam nenhuma notificação da União Europeia sobre a venda de alimentos para a Rússia.

A leitura do governo e do setor privado é que o bloqueio aos produtos de EUA e União Europeia abriu uma janela de oportunidades para o Brasil.

A Rússia é sexto principal comprador de produtos agrícolas do Brasil e o principal destino da carne bovina e suína. No ano passado, foram US$ 2,8 bilhões em compras de alimentos, mais da metade em carnes.

É justamente o setor de carnes que tende a se beneficiar mais rapidamente com o atrito político entre Rússia, EUA e União Europeia.

A Rússia costuma dificultar a autorização para que novas empresas exportem carne ao país, segundo interlocutores da Agricultura. O cenário agora mudou.

Até o anúncio das sanções, apenas 57 estabelecimentos brasileiros podiam vender carne para a Rússia. Na última semana, 92 novas unidades de produção de carne bovina, suína e de frango foram habilitadas a exportar.

Esses estabelecimentos já estavam aptos a exportar e aguardavam apenas a autorização do governo de Moscou. Representantes do setor privado lembram, contudo, que a habilitação não significa aumento nas vendas de imediato. É preciso que os pedidos comecem a chegar.

Caso o aumento das exportações para a Rússia se concretize, o avanço pode ajudar a atenuar a queda nas vendas de produtos brasileiros para outros destinos. Até julho, as vendas para a União Europeia, por exemplo, foram 3,4% menores do que mesmo período do ano passado.


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