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Estrangeiros reclamam de burocracia

Empresas iniciantes internacionais obtêm até R$ 200 mil do governo, mas dizem ter dificuldades para receber

Companhias ainda assim apostam no Brasil por enfrentar concorrência menor que em mercados maduros

O francês Patrick Kedziora, 57, diz que aprendeu ao menos uma coisa nos seis meses em que está no Brasil: apesar das dificuldades, "no fim, as coisas dão certo". Ele é fundador de uma das dez empresas iniciantes de tecnologia estrangeiras que participam do Start-up Brasil, um programa do governo federal para aceleração de negócios que prevê investimento de até R$ 200 mil em cada um.

No total, participam da iniciativa, que é gerida pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, 88 companhias, entre brasileiras e estrangeiras. Os primeiros selecionados foram anunciados em julho de 2013. A segunda fase de inscrições acabou no mês passado.

Mas Kedziora, que no Brasil está desenvolvendo uma nova versão do Kedzoh, um sistema para treinamentos corporativos por plataformas móveis, reconhece que um estrangeiro pode ficar "frustrado" pela burocracia do país, apesar de receber o dinheiro a fundo perdido do governo.

Desde abrir uma conta no banco até começar a receber as quantias do programa.

O americano Sean Kilachand, 25, um dos criadores do EduSynch, um aplicativo para ensino de inglês pelo celular, foi aprovado na primeira rodada do programa, em julho do ano passado. Ele só conseguiu começar a receber os recursos em janeiro e a pagar os funcionários em maio, algo que considera uma "enorme distração".

Para receber o investimento, que só pode ser usado para pagamento de salários, os donos das start-ups precisam passar pela seleção do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). E, dizem eles, são aprovados só profissionais com experiência técnica comprovada --alguém com trajetória de negócios, por exemplo, tem mais dificuldades.

"Você tem meninos muito bons de 19 anos que, sem educação formal em ciência, é difícil que eles sejam aprovados", afirma Kilachand.

ESTRATÉGIA

A brasileira Beatriz Schwartz Borges se tornou sócia da Media Relevance, uma empresa que cria tecnologia para anúncios em vídeo, por causa dessa dificuldade --ela não conseguiria ser funcionária da empresa.

"Eu entrei no negócio para desenvolvimento de negócios, tenho grande experiência grande nisso, mas não entrava nos critérios exigidos, então veio a proposta de ser cofundadora", conta.

Na visão do governo, abrir a participação no programa às estrangeiras é benéfico para fortalecer o ecossistema de negócios no Brasil, já que há mais troca de informações.

Mas há dúvidas sobre a permanência delas após o fim do Start-up Brasil.

Brasileiro que mora nos Estados Unidos há 20 anos, Alex Dantas, 34, diz que o período participando do programa serviu para descobrir "o que não deveria fazer": expandir os negócios aqui.

Dantas é sócio da Sensimob, um app para gerenciamento de localização de funcionários, e diz que não pretende manter a operação no país por causa da dificuldade de fazer negócios.

Por outro lado, outras companhias indicam que abrir negócios aqui vale a pena em razão da concorrência menor do que em mercados mais maduros, como o americano.

Stephan Shahinian, 34, diz que um dos motivos de ter se mudado da Califórnia para o Rio para expandir a atuação do AktiveBay, um site que permite encontrar amigos para praticar um esporte, foi a competição menos acirrada.

A empresa prepara a versão em português. "No Brasil, muitos dos negócios com os quais lidamos, como centros de esporte, não têm site, então podemos ser a primeira presença virtual deles."


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