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Lobby anti-Argentina ganha força nos EUA

Em anúncios de jornal e TV, 'fundos abutre' que processaram governo em Buenos Aires tentam humanizar credores

Grupo atrai democratas, republicanos e doador eleitoral Paul Singer, cujo fundo lucrou com dívida de Congo e Peru

ISABEL FLECK DE NOVA YORK

"Conheça os abutres' da Argentina", diz o anúncio de página inteira publicado na última semana no "New York Times" e no argentino "La Nación" pela ATFA (American Task Force Argentina), maior lobby dos credores que não aceitaram renegociar a dívida e ganharam, na Justiça americana, direito a receber US$ 1,3 bilhão do país.

Logo abaixo do texto, há a foto de argentinos que ainda não receberam: Norma Lovato, 85, Horácio Vazquez, 57, Maria Elena Corral, 77. Esta última, diz o anúncio, "investiu nos títulos argentinos como ato de patriotismo".

O anúncio faz parte de uma ofensiva do ATFA em jornais, sites e redes de TV americanos iniciada no fim de julho, quando ficou configurado o segundo calote do país sobre sua dívida em 13 anos.

Segundo o Center for Responsive Politics (CRP), que monitora a atividade de lobby nos EUA, a ATFA tinha gasto, até junho, US$ 740 mil, quase três quartos do US$ 1 milhão que foi investido em todo o ano de 2013.

"Eles estão mais agressivos, em parte porque os fundos abutres têm perdido a batalha pela opinião pública desde a decisão da Suprema Corte [em junho]", diz Mark Weisbrot, do progressista Centro de Pesquisa Econômica e Política (Washington).

No entanto, a diretora-executiva do CPR, Sheila Krumholz, afirma que as campanhas para humanizar os credores "abutres" (como o governo argentino os chama)têm tido efeito positivo em quem não acompanha o imbróglio da dívida argentina.

Em junho, a Suprema Corte respaldou a decisão do juiz Thomas Griesa de que a Argentina só poderia pagar os 92% de credores que aceitaram renegociar a dívida em 2005 e 2010 se pagasse os 8% que recusaram a operação.

A decisão colocou o país tecnicamente em calote.

Desde então, a presidente Cristina Kirchner mobilizou países em reuniões na ONU e na Organização dos Estados Americanos, publicou anúncios na mídia e culpou Griesa pelo ocorrido.

BIPARTIDÁRIA

A ATFA, que se apresenta como "aliança de organizações para um acordo justo" sobre a dívida argentina, reúne 30 membros, em sua maioria pequenas associações do setor agropecuário nos EUA.

Seu principal "apoiador" é o fundo Elliott, do multimilionário Paul Singer, do qual é subsidiário o NML --o maior entre os "fundos abutres" que levaram a Argentina à corte.

Para apoiar Singer, um dos maiores doadores do Partido Republicano, a ATFA tem na diretoria três influentes democratas: Robert Shapiro, ex-assessor de campanha e subsecretário de comércio do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001); a ex-embaixadora dos EUA na ONU sob Clinton Nancy Soderberg e Robert Raben, que ocupou altos postos no Departamento de Justiça.

Para Krumholz, esse "bipartidarismo" não é contraditório. "Singer sabe que, num governo democrata, precisará de pessoas de dentro do partido para fazer as coisas avançarem. Não são associações ideológicas", diz.

Singer --69 anos, nome na lista da Forbes das 400 pessoas mais ricas dos EUA e ativista pró-casamento gay desde que o filho se assumiu-- é conhecido pelo "faro" para títulos de países à beira da quebra que podem dar lucro.

Em 1996, ele comprou por US$ 11,4 milhões títulos do Peru, pelos quais receberia na Justiça, em 2000, US$ 58 milhões. Da República do Congo, obteve US$ 90 milhões após pagar menos de US$ 20 milhões por papeis do país nos anos 90.


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