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Finanças Pessoais

Conheça bem os produtos financeiros antes de comprá-los

Enquanto esperava na fila do caixa de uma agência bancária, Maria foi abordada por uma atendente que lhe ofereceu um produto que debitaria R$ 80 de sua conta-corrente todos os meses.

Sem pedir informações adicionais nem dedicar ao assunto o tempo e a importância adequados, ela entendeu que se tratava de um plano de previdência. Como tinha planos de acumular uma reserva financeira para seus filhos, considerou que a economia mensal exigiria um esforço relativamente pequeno e assinou o contrato.

Anos depois, quando Maria tentou utilizar o benefício fiscal e deduzir o montante das contribuições feitas ao suposto plano de previdência, ela descobriu que tinha comprado um pecúlio resgatável, um seguro de vida que admite resgate de parte dos prêmios acumulados, ou seja, um produto adequado para cobrir riscos, mas não para acumular recursos para a aposentadoria.

Depois de ter depositado aproximadamente R$ 6.200, resgatou só parte desse valor. Cerca de R$ 1.000 eram devidos pela cobertura do seguro de vida do participante do plano, atributo do produto que ela desconhecia e não teve a intenção de comprar.

Quando me deparo com histórias de vendas mal conduzidas como essa, questiono se tudo foi dito para o cliente durante o processo de abordagem comercial.

Normalmente, a resposta é: "Não, mas o cliente não perguntou". O cliente não perguntou porque não sabe o que tem de perguntar e o vendedor omite informações porque, "se o cliente não perguntou, é porque já sabe" ou não quer saber. Que perguntas Maria deveria ter feito antes de assinar o contrato?

BENEFÍCIOS

Não se detenha com as características do produto. O que interessa saber é o que o produto faz por você.

Que benefícios proporciona? Que necessidades vai solucionar? Existe um folheto ou um contrato para saber mais a respeito?

LIQUIDEZ

As aplicações financeiras normalmente têm data de vencimento. Mas, se você precisar de dinheiro antes dessa data, poderá pedir resgate? Receberá todo o dinheiro de volta ou somente parte dele?

Quanto tempo deve esperar entre a data do pedido e o recebimento do dinheiro? Alguns fundos de investimento, por exemplo, estabelecem prazo de meses para processar o resgate.

RISCOS

Quais são os riscos da operação? Existe alguma garantia? Essa operação é regulada pelas autoridades monetárias? Qual é o órgão regulador a quem devo recorrer se considerar que meus direitos não foram protegidos e observados? Pesquise tudo o que puder antes de contratar e se certifique de que sabe onde está se metendo.

RENTABILIDADE

Não faça projeções baseadas no passado. Estime o futuro se perguntando qual é a rentabilidade potencial futura. E seja conservador nas simulações. Lembre-se de que existe inflação ao longo do tempo e projete somente a taxa de juros real, acima da inflação. Líquida de impostos, naturalmente.

IMPOSTOS

Qual é a incidência de impostos sobre a operação? Qual é o percentual do Imposto de Renda devido? Quando o imposto será pago? Quem é responsável por recolher o imposto devido ao fisco? Qual é a base sobre a qual o imposto incide? Solicite um exemplo numérico.

Pergunte qual será o impacto na sua declaração do Imposto de Renda. Nem sempre o imposto pago na fonte resolve o assunto com o leão.

CUSTOS

Quais são os custos da operação? Existe mais de uma taxa? Que serviço cada taxa remunera? Investindo mais ou ficando mais tempo é possível reduzir os custos? Existe penalidade no caso de o contrato ser interrompido?

Muita informação, não é mesmo? Todas necessárias e importantes para que a escolha seja feita. Portanto, use o tempo a seu favor. Tempo para analisar, pesquisar e decidir antes de contratar um produto ou serviço financeiro.

No caso da Maria, podemos responsabilizar a atendente do banco? Ela deveria ter identificado as necessidades da cliente e oferecido um produto mais adequado? Deveria.

Maria, por sua vez, deveria ter compreendido melhor e conferido as informações. Esse cuidado teria feito ela perceber de que produto se tratava.

As decisões e as escolhas de ordem financeira não podem ser feitas por impulso. Alguns contratos são de longo prazo: 10, 20 anos. Certamente a fila do caixa não é o lugar mais adequado para uma decisão tão importante.


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