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Proposta eleva mistério em venda de farmacêutica

Documento mostra que gigante mexicana Genomma negociou compra da Airela

Quebrada, pequena farmacêutica viu capital de sua controladora passar, em fevereiro, de R$ 17,5 mi a R$ 92,6 mi

JOANA CUNHA DE SÃO PAULO

A gigante farmacêutica Genomma iniciou negociações para a compra recente da Airela, pequena indústria catarinense em recuperação judicial, segundo documentos obtidos pela Folha na Junta Comercial de Santa Catarina.

Uma ata da Airela registrada em março deste ano informa que a Genomma assinou um memorando, em 8 de novembro de 2013, para a transferência de parte ou da totalidade da Airela ou de sua controladora, uma empresa chamada TQX777.

O documento aparece assinado pela sócia da TQX777, a Beta Gamma, empresa estrangeira com sede em Delaware, nos EUA.

A Genomma diz desconhecer as negociações. Advogados consultados pela Folha, porém, afirmam que os documentos deixam claro que há o objetivo de compra e venda entre as partes, ainda que não seja possível afirmar se a venda foi concretizada.

Companhia com ações em Bolsa no México, a Genomma publicou em janeiro deste ano que adquiriu uma opção de compra de 30 registros sanitários e 15 marcas de medicamentos no Brasil, mas não cita o nome da dona dos registros.

A propriedade de registros e marcas é justamente um dos motivos que fazem com que a Airela atraia o interesse de outros grupos, apesar da crise financeira que atravessa.

O fato de ela já ter registrados dezenas de medicamentos na Anvisa permite a um investidor poupar vários anos de burocracia para construir um portfólio.

A Airela tem 38 marcas e registros. São nomes como Resfenax, Vigor Natus e Vitaxon C, a maior parte dos produtos são da categoria OTC, aqueles que podem ser comprados sem receita médica.

São pouco conhecidos, mas com investimento em publicidade executados por um grande anunciante, como é o caso da Genomma, poderiam se tornar recordistas de vendas em pouco tempo, segundo analistas do setor.

A Genomma anuncia exclusivamente na TV Record. Com propaganda maciça para as classes C e D, o Brasil já é seu maior mercado fora do México, desempenho que assusta a concorrência local.

MISTÉRIO

A história da Airela é um caso que tem sido discutido entre altos executivos do setor farmacêutico brasileiro. O mistério cresceu em fevereiro deste ano, quando o capital de sua controladora, a TQX777, subiu de R$ 17,5 milhões para R$ 92,6 milhões.

Procurado pela reportagem, o atual diretor Antonio Gomes não informou se a elevação de capital estaria ligada a uma venda já concretizada da Airela. Também não conta quem são os sócios da empresa. Diz ter um "chefe", cuja identidade prefere não revelar.

A própria TQX777 intriga o setor. Constituída em 2009, em um escritório de advocacia em São Paulo, a empresa já elevou oito vezes o capital, mas até hoje mantém-se no mesmo endereço do escritório que a fundou. Também tem alta rotatividade de diretores, com sete nomes eleitos.

Em outubro passado, credores de uma dívida de quase R$ 10 milhões aprovaram acordo aceitando receber o que a Airela lhes deve com deságio de 70%. Alguns passaram a receber cerca de R$ 10 ao mês, segundo a Gladius Consultoria, que atua na recuperação judicial.

Advogados afirmam que, se a Airela fosse controlada por uma grande companhia do setor no momento da realização do acordo com os credores, dificilmente teria saído um acordo tão desfavorável a eles.


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