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Farpas ficam mais afiadas na luta por Chiquita
Declarações de grupos brasileiros rivais foram 'inexatas", afirma empresa americana
A Fyffes e a Chiquita, distribuidoras de bananas que estão tentando manter no rumo sua proposta de fusão, atacaram os grupos brasileiros Safra e Cutrale, cuja oferta rival ameaça tirar dos trilhos os seus esforços para criar uma empresa com receita total de US$ 4,5 bilhões.
Em uma batalha transatlântica que já viu trocas de farpas entre os protagonistas, a Fyffes e a Chiquita acusaram a Cutrale, maior produtora brasileira de laranjas, e o bilionário banqueiro Joseph Safra de fazer "declarações inexatas" sobre sua fusão, anunciada em março.
A americana Chiquita disse nesta terça-feira (2) que a parceria brasileira "superestima grosseiramente" os benefícios de sua oferta e "subestima grosseiramente" o valor da fusão com a irlandesa Fyffes.
Os parceiros brasileiros na semana passada acusaram a Fyffes e a Chiquita de tentar "desafiar a credibilidade" ao manter seu plano de fusão --decisão que, segundo eles, "cheira a desespero".
Acusaram o conselho da Chiquita de "irresponsabilidade e lapso de julgamento" ao optar pela fusão diante de sua oferta "inquestionavelmente superior".
O tom aguçado das alegações ilustra quanta coisa está em jogo para os dois lados nessa batalha pelo controle da Chiquita.
Cutrale e Safra ofereceram US$ 611 milhões em dinheiro pela aquisição da Chiquita, e o conselho da companhia norte-americana rejeitou a oferta e optou por manter os planos de fusão com a Fyffes.
Com a rejeição, Cutrale e Safra recorreram diretamente aos acionistas da companhia americana. Pediram a eles que votem contra a fusão e aceitem a sua proposta.
Pedem ainda que a reunião de acionistas da Chiquita, marcada para setembro, seja adiada, "dando mais tempo para o conselho considerar outras alternativas, inclusive a oferta de Safra e Cutrale".
COMPETIÇÃO FEROZ
Todos os envolvidos estão tentando aumentar sua fatia de mercado no mercado mundial de distribuição de frutas, ferozmente competitivo.
As margens dos distribuidores encolheram muito, à medida que cresce o poder dos supermercados.
A Cutrale também dá mais um passo rumo à diversificação, após assistir a uma queda no consumo mundial de suco de laranja nos últimos anos --a empresa detém 40% do mercado global.