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BNDES financiará escala na energia solar

Banco emprestará ao setor com juro abaixo da inflação e abre exceção para financiar compra de painel importado

Perspectiva de incentivo fez empresas de energia solar entrarem em massa no próximo leilão

PEDRO SOARES DO RIO

Com crise no suprimento e alto custo da energia, o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) vai financiar o "nascimento" da indústria de geração solar em grande escala no país, com juros subsidiados e regras flexibilizadas.

Pela primeira vez, o banco estatal de fomento emprestará recursos para compra de bens importados, no caso, painéis solares e outros equipamentos para a instalação dos parques de energia solar. Os juros vão variar de 2,3% a 5,5% ao ano, de acordo com o risco da empresa que tomar o crédito. As taxas estão abaixo da inflação, que está em torno de 6,5% em 12 meses.

O modelo foi definido após o BNDES e outros agentes do governo constatarem que sobram peças para painéis solares no mundo a custo baixo (especialmente na China).

Com esse dado, essa fonte de energia só seria viável com a importação de equipamentos. A única exigência do banco é que a montagem dos painéis ocorra no Brasil.

O banco e o governo querem, com o incentivo à energia solar e eólica, reduzir a dependência da geração térmica, cujo custo explodiu desde o fim de 2013 com a seca e a crise das hidrelétricas.

Essa situação já se refletiu nas tarifas ao consumidor (com altas superiores a 30%, de acordo com a distribuidora) e afetará ainda mais o custo no próximo ano, quando as empresas começarem a pagar os empréstimos de R$ 17 bilhões concedidos para socorrer as distribuidoras.

Para viabilizar o crédito a baixo custo, o banco estatal definiu que usará R$ 500 milhões do Fundo Clima (com juro anual de 0,01% e fonte de recursos dos royalties do pré-sal) para cobrir 15% do empréstimo. Outros 6,5% do valor financiado terão as taxas mais baixas praticadas a setores estratégicos, como máquinas e equipamentos e inovação. Ou seja, o banco financiará até 85% do investimento necessário nos projetos de energia solar.

"Acredito que é um início de uma política de incentivo ao setor, mas ainda há pontos de interrogação", diz Markus Vlasits, diretor da chinesa Yingli Solar, uma das maiores produtoras de painéis no mundo.

Dentre as dúvidas, afirma, estão a falta de garantia de que ocorram leilões específicos para vender energia solar e, principalmente, o fomento ao pequeno gerador autônomo de energia, que usa a tecnologia para aquecimento e iluminação em sua casa.

A perspectiva de incentivo do BNDES fez empresas de energia solar entrarem em massa no próximo leilão da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), em outubro. São 400 projetos de energia solar, com capacidade de geração de 10 mil MW --quase uma usina de Belo Monte em operação a plena carga.

Trata-se, porém, de um leilão de reserva. A energia só será usada em caso de escassez de outras fontes de custo mais baixo.

"Esse primeira oferta e o financiamento do BNDES podem ajudar [a viabilizar a fonte solar], mas dependerá do preço que sair no leilão. Se ficar alto, não haverá demanda por essa energia", avalia Walfrido Ávila, sócio da Trade Energia, empresa de venda "avulsa" de energia.

EÓLICA

Após o financiamento do banco de fomento à energia eólica, seu preço passou a ser competitivo, parques de geração foram instalados e foi possível atrair produtores de equipamentos para o Brasil.

Mas, por um erro de planejamento do governo, o problema atual é que faltam linhas de transmissão para transportar toda a energia produzida pelos ventos.

"A ideia do leilão e do apoio do BNDES é trilhar o mesmo caminho da eólica e, no futuro, criar gradualmente indústria capaz de produzir painéis solares no país", diz Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, que faz o planejamento do setor.


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