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Icônica, Atlantic City, nos EUA, vive ocaso dos cassinos

Crise econômica e concorrência regional abatem 4 dos 12 estabelecimentos da cidade que já foi símbolo do jogo

Prefeitura, que perderá arrecadação, aposta em turismo de compras; desemprego supera o dobro da taxa nacional

ISABEL FLECK ENVIADA ESPECIAL A ATLANTIC CITY

A ponta norte do icônico Boardwalk, a passarela à beira-mar de Atlantic City, em New Jersey, ganhou ares de cidade-fantasma em horas.

O fechamento do Showboat e do Revel, os dois últimos cassinos na extremidade do "calçadão", no domingo e segunda passados, esvaziou a região antes repleta de turistas e dos prestadores de serviço atraídos por eles.

No Showboat, aberto em 1987, o que se vê são cartazes de "fechado" sob letreiros que anunciam "por aqui passaram Etta James, BB King, Billy Idol". No Revel, que operou por dois anos, só um cordão isola a escada na praia do enorme complexo vazio.

Os dois fazem parte de um grupo de quatro cassinos que encerram suas atividades neste ano na cidade. Por ora, oito sobreviveram à crise.

Em janeiro, o Atlantic Club fechou as portas. No próximo dia 16, será a vez do Trump Plaza, do grupo do magnata Donald Trump. Só os últimos três deixarão cerca de 7.000 desempregados numa cidade de 40 mil habitantes.

Naemi Lugo, 42, está entre eles. Funcionária de cassinos desde 1992, ela voltou em 2012 a Atlantic City após passar quatro anos fora da cidade para trabalhar no Revel.

"É hora de tentar algo novo, não confio mais em cassinos. Estou pensando em me especializar na área de saúde", disse Lugo. "Se não der certo, saio da cidade."

A taxa de desemprego local, 13%, é mais do que o dobro da nacional, 6,1%.

Ruth Ann Joyce, que passou 27 de seus 58 anos como atendente de bar ao lado do marido no Showboat, resiste a mudar. "Tenho certeza que alguém vai comprar o Showboat e reabrir. E nós estaremos lá para recomeçar", diz.

Para Joyce, que ajudou os ex-colegas a preencherem os pedidos de seguro-desemprego em uma feira do sindicato dos funcionários de cassinos nesta semana, o declínio do Showboat começou em 1998, quando foi adquirido pelo grupo Caesars, que tem mais dois cassinos na cidade.

"No começo era um negócio família. Os donos se importavam com o lugar", diz, lembrando que a última noite foi carregada de emoção.

ROMBO NA ARRECADAÇÃO

A crise dos cassinos atingiu em cheio a economia da cidade, que tem 65% de seu orçamento alimentado pelos impostos pagos pelas casas. Sem o Showboat, o Revel e o Trump Plaza, a prefeitura deixará de arrecadar US$ 30 milhões, ou 15% do orçamento.

Nesse cenário, o prefeito, Don Guardian, anunciou que vai cortar US$ 40 milhões em gastos até 2018, aumentar em 29% os impostos para moradores e pedir subsídios ao Estado de Nova Jersey.

"E, é claro, precisamos oferecer o que os turistas não encontram em Nova York [a 210 km de distância], como competições na praia, shows aéreos. Esta é uma cidade construída para se fazer festa", disse Guardian à Folha.

O prefeito aposta ainda no turismo de convenções e no de compras, atraído por um outlet com mais de cem lojas. Apesar de admitir que é preciso diversificar a economia, suas propostas são genéricas, como "investir em pesquisa e tecnologia".

A crise que levou ao fechamento dos quatro cassinos começou na grande recessão de 2008, mas se agravou com a concorrência na região.

Atlantic City, que foi o principal polo da atividade na Costa Leste, ganhou nos últimos oito anos concorrentes em Estados como Maryland e Pensilvânia. Em 2013, os eleitores de Nova York aprovaram a criação, no Estado, de mais sete cassinos.

"Há hoje muitos cassinos para a quantidade de dinheiro que as pessoas estão dispostas a gastar com jogo. A crise acabou pegando os menores e mais velhos", diz o prefeito, excluindo o Revel, que acusa de má gestão.

Procurados pela Folha, os administradores dos quatro cassinos não comentaram.

Para Guardian, a salvação dos oito sobreviventes foi terem gasto mais de US$ 100 milhões, cada, para se transformarem em resorts. "Eles verão a procura aumentar."

Mark Giannantonio, do Resorts Casino Hotel, ecoa esse frágil otimismo. "Ainda temos mais de cem restaurantes, 15 mil quartos e atrações o ano todo."

Leia mais sobre Atlantic City no blog "NY Posts"

nyposts.blogfolha.uol.com.br


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