Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Sem Botín, gestão do Santander será testada no Brasil e na Europa

Patriarca do banco espanhol morre aos 79 anos sem ter visto maturar aposta feita no Brasil

Com apoio do mercado, instituição cresceu apostando nos imóveis espanhóis, cujos preços derreteram desde 2009

TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO

Maior banco da zona do euro e 11º do mundo, o espanhol Santander perdeu seu patriarca, Emilio Botín, 79, morto na terça (9) de ataque cardíaco, no momento em que duas das principais apostas geográficas --Espanha e Brasil-- enfrentam dificuldades econômicas de difícil superação em médio prazo.

Botín sai de cena em plena atividade no conselho de administração do grupo. Em seu lugar, assume a filha Ana Patricia, 53, chefe da filial britânica, que neste ano passou o Brasil em importância no grupo; o Reino Unido contribuiu com 20% do lucro, enquanto o Brasil respondeu por 19% no segundo trimestre.

Centralizador, Emilio Botín comandava o grupo espanhol com menos de 2% das ações do grupo fundado por seu avô em 1857.

Tinha o apoio de fundos de pensão, xeques árabes e investidores para quem prometia uma remuneração anual de 10% --a maior entre os grandes bancos e bem acima do juro zero da Europa.

Pouquíssimas vezes falhou nesse compromisso, mesmo durante a crise que levou ao socorro público de vários bancos europeus (o Santander se orgulha de não ter sido ajudado).

Sem Botín, analistas acreditam em maior descentralização da gestão e especulam se a nova filosofia será capaz de produzir os mesmos resultados acima da média.

O Santander poderá ainda aumentar seu foco nos mercados maduros da Europa, dos EUA e até da Ásia, região em que ainda não entrou. Hoje, quase metade do lucro vem da América Latina.

Sob o comando de Botín, o banco deixou de ser o 12º da Espanha para tornar-se o maior da zona do euro, apostando na ascensão econômica da Espanha dos anos 80.

Com valor de mercado de € 98,308 bilhões (US$ 119,21 bilhões), ele fica atrás apenas do britânico HSBC no continente europeu.

Focado na casa própria, o Santander surfou na valorização do mercado imobiliário (que se desmanchou a partir de 2009) e na internacionalização de empresas como a Telefónica espanhola.

A segunda maior aposta foi pagar alto para entrar no Brasil. O Santander, que já tinha comprado Banco Geral do Comércio, Noroeste, Meridional e Bozano, desembolsou R$ 7,05 bilhão em 2000 pelo Banespa na privatização --o Unibanco, 2º colocado, deu lance de R$ 2,1 bilhão. Em 2007, comprou o antigo Real por cerca de US$ 21 bilhões.

Botín morre sem ver os frutos dessa aquisição. No Brasil, perdeu espaço para a Caixa e está longe da lucratividade de Itaú e Bradesco.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página