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Cientistas moem DNA de grãos de café a procura do cappuccino perfeito

Nestlé nega que objetivo seja produzir plantas geneticamente modificadas, e sim melhorar desenvolvimento do produto

EMIKO TERAZONO DO "FINANCIAL TIMES"

Cientistas estão um passo mais perto de produzir o cappuccino perfeito, depois de conseguirem sequenciar o DNA (material genético) de um grão de café.

Consumidores e produtores parecem destinados a se beneficiarem desse avanço científico que permitiria a produção de variedades mais produtivas, saborosas e resistentes a doenças de cafeeiros, o que ajudaria a reduzir a volatilidade dos preços.

A mudança no clima está causando graves problemas de produção nos últimos anos, em um período no qual a urbanização vem gerando alta na demanda por café.

Uma seca severa atingiu o Brasil, o maior produtor de café, levando a cotação do café arábica em Nova York a seu maior valor em dois anos.

"Este é um passo muito importante", disse Dominique Crouzillat, biólogo molecular da Nestlé, que em companhia do Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento, do Centro Francês de Sequenciamento e da Universidade de Buffalo, conduziu a pesquisa de quatro anos. "Certamente há mais trabalho a realizar."

Nas últimas décadas, os cientistas realizaram avanços na decodificação do DNA de importantes commodities alimentícias, a fim de desenvolver variantes geneticamente modificadas e melhorar a compreensão de alimentos como o trigo e o arroz.

Ao estudar a relação entre a estrutura do genoma do grão de café robusta e outras espécies como chá e o cacau, os pesquisadores conseguiram descobrir fatos sobre o percurso evolutivo do café.

O robusta é o grão de qualidade inferior usado para cafés instantâneos, com sabor mais forte e áspero que o do suave e rico arábica, usado em expressos e cappuccinos.

As vendas da variante inferior estão crescendo em ritmo mais rápido devido à demanda crescente por café instantâneo nos países em desenvolvimento.

O sequenciamento do genoma do robusta estimulará os esforços para decodificar o DNA do arábica, algo que os cientistas conseguiram realizar parcialmente uma década atrás. Porque o arábica é um híbrido natural entre o robusta e outra espécie, o coffea eugenioides, o sequenciamento do DNA do robusta oferecerá pistas para a decodificação do arábica.

As pesquisas genéticas suscitam questões sobre a possibilidade de café geneticamente modificado, mas a Nestlé afirma que seu foco será selecionar programas de desenvolvimento e hibridização usando as informações de DNA, e não criar um grão geneticamente modificado para usar em seus produtos.

"Não queremos café geneticamente modificado, e os consumidores também não", afirma Crouzillat.


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