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Vinicius Torres Freire

Dívidas e restos a pagar em 2015

Além dos efeitos da lerdeza econômica, tensão política deve afetar próximo governo

CAMPANHAS ELEITORAIS sempre deixam dívidas impagáveis. Quer dizer, dívidas políticas impagáveis. As demais, pagam-se com contribuições de grandes empresas ou com grandes contribuições à degradação adicional da política. O passivo desta eleição deve ser o maior desde 2002.

As condições econômicas, das contas públicas ao desemprego, das contas externas à inflação, decerto são agora muito melhores que as da transição de 2003, parece claro. Incerto é o nível de expectativas do eleitorado em relação a melhoras econômicas e sociais, para nem falar das impaciências em relação ao comportamento de partidos e políticos.

A julgar pelas opiniões expressas nas ruas e em pesquisas desde 2013, o nível de intolerância a ineficiências, bandalhas, falta de representatividade e inércia dos governantes diminuiu bem. É evidente que pelo menos um terço do eleitorado oscila entre irritação e revolta. O que não quer dizer que mais gente não possa ficar exaltada a partir do ano que vem.

De mais previsível e óbvio, vai se sentir em 2015 o contraste entre a conversa eleitoreira e as possibilidades materiais reduzidas. Deve haver um aumento de desemprego, ainda que ligeiro, inflação pelo menos na média dos últimos quatro anos, na melhor das hipóteses, e desaceleração adicional do consumo.

Quanto a gastos públicos, mesmo as autoridades econômicas da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) passaram a declarar em público, nesta semana, que a contenção de gastos será maior em 2015. Dado que o aumento da receita de impostos será ínfimo, se algum, está claro que não haverá como expandir programas sociais.

Além disso, não será nada fácil administrar o passivo político desta eleição e os restos a pagar de escândalos passados, tanto na política-politiqueira, partidária, como nas relações do governo com o público em geral.

Na ânsia de atirar chumbo grosso na campanha de Marina Silva (PSB), a campanha de Dilma acertou também o próprio pé. Queimou pontes com a finança, demonizando banqueiros, com quem já estava em maus lençóis.

Já com o filme queimado devido a intervenções em hora e lugar errados na economia, aumentou sua má fama ao dizer por via tortas que tem gosto por controlar a política do Banco Central e reafirmar os piores aspectos de sua política econômica.

Marina Silva teria as dificuldades sabidas de compor uma coalizão de governo. Terá nos calcanhares, de resto, uma oposição tão violenta quanto a campanha eleitoral petista. Sua situação não deve melhorar muito com o racha do PSDB (Aécio Neves queima pontes com o marinismo, embora parte do PSDB paulista já cozinhe, nas internas, como vai aderir).

A barafunda deve se tornar ainda maior com a grande possibilidade de o escândalo da Petrobras vir inteiramente à tona, uma mancha de óleo que pode se espraiar por grande parte dos Congresso e entre lideranças políticas importantes. Caso o governo padeça de baixa popularidade, devido a mais um ano de estagnação econômica e impaciência do eleitorado "mudancista", a situação pode se tornar ainda mais tensa.

vinit@uol.com.br


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