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Investimento direto na China cai para menor nível em quatro anos

Total em agosto chega a US$ 7,2 bi; valor serve como termômetro da confiança externa no país

Queda de 14% sobre o mesmo período de 2013 ocorre em meio a ações antitruste e protesto dos EUA e de europeus

MARCELO NINIO DE PEQUIM

Em meio a uma série de ações antitruste contra multinacionais, que provocou um protesto formal do governo norte-americano, a China registrou em agosto o menor nível de investimento estrangeiro direto em quatro anos.

Segundo o Ministério do Comércio chinês, o país atraiu no mês passado US$ 7,2 bilhões do exterior, uma queda de 14% em relação ao mesmo período de 2013. Já os investimentos chineses no exterior chegaram a US$ 12,62 bilhões, 112,1% mais que em agosto de 2013.

O índice, um termômetro da confiança externa na economia, soma-se a outro dado negativo de agosto, a desaceleração da produção industrial. A alta de 6,9% foi a menor desde a crise de 2008.

O recuo do investimento ocorre em momento delicado para empresas estrangeiras na China devido à ofensiva antitruste do governo. Nas últimas semanas, o país começou a investigar empresas estrangeiras como Microsoft, Qualcomm, Chrysler, Daimler, Audi e Toyota.

Poucas ousaram protestar e várias baixaram preços desde julho. Mas as investigações geraram desconforto nas multinacionais, que consideram a ação discriminatória e a aplicação da lei antimonopólio pouco transparente.

Em mensagem ao vice-premiê chinês Wang Yang, o secretário do Tesouro dos EUA, Jacob Lew, protestou contra o uso da lei para forçar as empresas a cortar preços e disse que a ação poderia pesar sobre as relações bilaterais.

Na abertura do Fórum Econômico Mundial, na semana passada, o premiê chinês, Li Keqiang, negou que as investigações tenham viés discriminatório, afirmando que somente 10% das empresas na mira são estrangeiras e que o ambiente de negócios na China é justo e aberto ao mundo.

ACENO

Em mais um esforço para tranquilizar o investidor externo, o Ministério do Comércio realizou nesta terça (16) uma rara entrevista coletiva para jornalistas estrangeiros.

As queixas de que a China mira as multinacionais para ajudar as firmas nacionais são "infundadas", disse Shen Danyang, porta-voz do ministério: "As investigações antimonopólio têm o propósito de criar um ambiente de negócios melhor, e, em nenhuma hipótese, de atingir certos tipos de empresas".

Nos últimos dias associações empresariais dos EUA e da Europa na China protestaram contra a ação, que teria reforçado o clima de hostilidade às estrangeiras no país.

Em pesquisa da Câmara de Comércio Americana na China com seus membros, 60% disseram achar que as empresas estrangeiras são menos bem-vindas do que antes.

O diretor de uma consultoria afirmou à Folha ter ficado impressionado com a passividade com que as empresas aceitaram baixar preços. "Na prática, a China aplicou uma sobretaxa sobre essas empresas", disse, pedindo para não ser identificado.

Há, porém, os que entendem a ação de Pequim. "Quando a China não tinha lei antitruste, havia reclamações. Agora reclamam porque o país está aplicando a lei", diz o advogado brasileiro Durval de Noronha, que tem escritórios no país.


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