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Vinicius Torres Freire

Previsão do tempo para 2015

Candidatos devem prestar atenção à ondinha de especulação da finança com o dólar

O DÓLAR FOI A quase R$ 2,36 ontem, mais um degrau na escadinha que leva ao patamar de R$ 2,40, tido como o teto da banda disfarçada do Banco Central (de R$ 2,20 a R$ 2,40). O BC faria intervenções extraordinárias a fim de evitar desvalorizações extras do real, muito além de R$ 2,40, em tese um probleminha adicional no controle da inflação?

Está no entanto difícil de saber se o dólar vai continuar sua escalada, se vai cair da escada ou mesmo tomar o elevador, como nos paniquitos do ano passado e do primeiro bimestre deste ano. Por ora, tudo depende da reação mais ou menos exagerada ou exorbitante da finança mundial às profecias de altas de juros nos EUA.

Considere-se o caso da reação de ontem ao resultado da reunião do Fed, o banco central norte-americano, ao fim da qual se esperava mensagem mais incisiva sobre o início da normalização da política monetária, muito anormal faz quase seis anos. Tal especulação tem valorizado o dólar em relação às moedas dos "emergentes" nos últimos dez dias, por aí.

A exposição de motivos do Fed e na entrevista de sua presidente, Janet Yellen, o tom geral foi: 1) A economia americana e mais ainda seu mercado de trabalho estão convalescendo; 2) Vamos praticamente deixar como está para ver como é que fica: a reação do Fed vai depender muito das próximas informações de conjuntura.

As estimativas para a taxa de juros de curto prazo do pessoal do Fed, porém, subiram um tanto. Além do mais, dois membros do comitê de política monetária do Fed prefeririam um aperto para mais cedo (mais precisamente, que se indicasse que está aberta a possibilidade de o Fed agir mais cedo).

Na interpretação aparentemente mais comum na praça do mercado, entendeu-se disso tudo que o aperto, a alta de juros, fica para meados do ano que vem, mas será mais rápida, mais ainda que a prevista "no mercado".

Sim, parece um pouco como ler o futuro na borra de café. Seja como o for, o resultado foi uma alta quase geral do dólar antes as moedas principais do mundo, na média a maior em 14 meses. Não adiantou Janet Yellen repetir várias vezes na entrevista coletiva de ontem que não era adequado fazer grande caso da mudança de projeções de juros.

No que diz respeito a países ditos "emergentes", Brasil inclusive, há algum outro sinal de que a maré de humor da finança vai mudar de novo? Nuvens esparsas, como o mau desempenho médio de Bolsas emergentes nos últimos dez dias, devido a nova rodada de especulação sobre o crescimento chinês, "tensões geopolíticas" (Rússia, Ucrânia) e, claro, alta de juros na praça americana.

Venha um novo paniquito, extravagâncias ou demências especulativas, como a do ano passado, convém lembrar pela enésima vez que alguma turbulência haverá até o ano que vem. Seja qual for o governo, alguma arrumação básica na política macroeconômica (gastos, inflação) será necessária também para evitar danos colaterais maiores da política americana (disparadas do dólar, estiagem de capitais, alta de juros). Não vai ser nada agradável se o país voltar a ser considerado "investimento especulativo" em meio a um tumulto da finança mundial.

vinit@uol.com.br


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