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Finanças Pessoais
MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br
Diversificação reduz o risco do investidor
Todo investidor está exposto a algum tipo de risco. O artigo da semana passada apresentou o conceito dos principais tipos de risco: crédito, liquidez e mercado. Não há como evitá-los, mas é possível reduzir o risco total utilizando uma técnica simples e poderosa, a diversificação.
O risco se amplia quando o investidor concentra seu dinheiro em uma única modalidade de investimento. Quem aplica tudo na poupança, por exemplo, está exposto ao risco de crédito da instituição financeira onde o depósito foi feito. Quem compra ações de uma única empresa corre o risco de mercado que reflete no preço as boas e más notícias relacionadas à empresa e ao setor da economia em que ela está inserida. Quem decide comprar títulos de taxa prefixada está apostando todas as fichas num cenário de queda na taxa de juros.
Ora, se a concentração aumenta o risco, será que diversificar, colocar um pouco de dinheiro em categorias distintas de investimento, ajuda a reduzir o risco total da carteira? Certamente! O que justifica essa afirmação é que eventos macro ou microeconômicos afetam ou não, com intensidade maior ou menor, os diversos ativos mobiliários ou imobiliários disponíveis no mercado.
RENDA FIXA
No mercado de renda fixa, é possível diversificar o risco de crédito limitando, sempre que possível, o valor da aplicação ao montante garantido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). O risco de liquidez pode ser reduzido combinando operações com liquidez diária a outras menos líquidas e mais rentáveis que exigem alguma carência para resgate. O risco de mercado, decorrente da elevação da taxa de juros, pode ser reduzido com a opção por ativos de taxa pós-fixada. Se a escolha for por ativos de taxa prefixada, reduzir o prazo da operação certamente reduzirá o impacto da oscilação dos juros no preço dos ativos.
RENDA VARIÁVEL
No mercado de ações, a diversificação talvez seja ainda mais intuitiva. Recentemente o valor das ações de empresas do setor de energia sofreu com a política governamental de controlar o aumento de preços ao consumidor. Foi uma medida que afetou negativamente somente as empresas desse setor econômico. Outros setores podem ter sido beneficiados por outras variáveis. Assim, perdas em uma ação podem ser compensadas com ganhos em outra, proporcionando um bom desempenho médio. Entretanto, o chamado risco sistemático não pode ser diversificado. Normalmente de natureza política ou econômica, local ou internacional, o evento atinge o conjunto de ações negociadas no mercado.
BALANCEAMENTO
Suponha uma carteira com a seguinte diversificação inicial: 80% em renda fixa e 20% em renda variável. Suponha ainda que, seis meses depois, o desempenho de ambos foi duplamente positivo: 9% e 30%, respectivamente. Como a valorização de um foi muito superior à do outro, a diversificação inicialmente definida foi alterada.
Veja na tabela que o risco em ações cresceu. Hora de balancear a carteira, vender algumas ações, realizar parte do lucro, transferindo esse montante para a carteira de renda fixa. Dessa forma o investidor restabelece o nível de risco conforme o parâmetro inicialmente planejado.
Se o cenário desfavorável de queda na Bolsa acontecer, o balanceamento deve ser feito também para restabelecer o percentual de 20% da carteira nesse mercado. Quando a alta da Bolsa vier --e ela virá em algum momento-- é importante que a carteira esteja equilibrada. Caso contrário, a recuperação de eventual perda será quase impossível. O mercado de renda fixa dificilmente trará resultados que compensem perdas da Bolsa. O que a Bolsa levou, a Bolsa devolve, desde que você esteja lá...
MORAL DA HISTÓRIA
Tão importante quanto diversificar é manter a diversificação. Em cenários de queda da Bolsa vai ser preciso coragem para tirar dinheiro da posição ganhadora e reforçar a posição perdedora. Mas, se você quiser participar desse jogo, é assim que funciona.
