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Governo quer saída de presidente do IBGE
Planalto avalia que pedido de demissão de Wasmália seria melhor solução para crise gerada por erro do instituto
Decisão, no entanto, é não tomar atitude até o final de 2 sindicâncias abertas para apurar responsabilidades
O Palácio do Planalto avalia que a melhor saída para a crise envolvendo os erros do IBGE na divulgação da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) que vieram à tona na sexta (19) é a presidente do órgão, Wasmália Bivar, pedir demissão.
O governo, porém, não pretende tomar nenhuma decisão antes de concluídas as duas sindicâncias abertas para apurar a responsabilidade pelos erros. Na sexta, o IBGE divulgou que o peso das regiões metropolitanas havia sido superestimado em sete Estados, alterando resultados de vários indicadores.
Com a distorção, o índice de Gini do trabalho (medida da desigualdade a partir da distribuição dos rendimentos do trabalho) de 2013, por exemplo, foi divulgado como sendo 0,498; pelo cálculo correto, seria 0,495, ante 0,496 em 2012 (quanto mais perto de 1, maior a desigualdade).
Segundo a Folha apurou, a presidente não quer se precipitar, para não ser acusada de cometer injustiças, mas sua equipe acredita que houve falha técnica grave, que recomendaria o afastamento da presidente do IBGE.
A expectativa dentro do governo era que Wasmália pedisse para deixar o cargo na semana passada, tão logo ficou constatado o erro. A equipe da Casa Civil avaliava que o pedido contornaria imediatamente o problema.
A presidente do IBGE, no entanto, não pretende pedir demissão, segundo auxiliares próximos (leia texto ao lado). Como Wasmália não cedeu às pressões vindas do governo para que saísse do cargo, o Ministério do Planejamento passou a defender que qualquer medida administrativa seja tomada só depois da sindicância, que tem prazo de 30 dias.
A posição, segundo assessores presidenciais, foi acatada por Dilma.
No domingo (21), a presidente afirmou que o IBGE deveria ter rechecado os dados antes de publicá-los para evitar um erro "banal".
"O que eu acho dessa questão do IBGE? Checar e rechecar números. O erro foi muito simples, não era erro complexo. Foi detectado por quem? Por todos aqueles que trabalham com microdados. Consultorias, instituições de pesquisa e tal. O IBGE tem seu mérito, que prontamente reconheceu o erro."
A presidente afirmou ainda não acreditar em erro proposital, acrescentando que, se for constatada "qualquer falta" nas sindicâncias internas promovidas pelo governo, a presidente do órgão não poderá ficar no cargo.
Além do índice de Gini, foram divulgados com erro dados sobre o rendimento médio do trabalhador, que passou de uma expansão de 5,7%, divulgada na quinta-feira, para alta de 3,8%.
A renda foi modificada de R$ 1.681 para R$ 1.651. A taxa de analfabetismo foi corrigida de 8,3% para 8,5%. A expansão no número de pessoas ocupadas, que na quinta foi divulgada como 7,2%, foi alterada para 6,3%.