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'Pelé da renda fixa' dá sinais de cansaço, mas não larga carreira

Bill Gross deixa gigante de mercado de títulos e vai para fundo novato

DO "FINANCIAL TIMES"

Nos próximos dias, Bill Gross vai começar a administrar dinheiro na Janus Capital, o que, do ponto de vista da história de Wall Street, é o equivalente a Pelé passar a usar o uniforme da Argentina ou a premiê britânica Margaret Thatcher tremulando a bandeira francesa.

Poucas pessoas no setor de serviços financeiros foram tão associadas a uma empresa como Gross e a Pimco, um fundo da cidade americana de Newport Beach (Califórnia) que ele transformou na principal potência do mercado de renda fixa, com US$ 2 trilhões sob administração.

Gross ajudou a criar, em 1971, a Pimco, onde atuou como diretor de investimento e guru do mercado de títulos. Nenhuma decisão do Fed (banco central americano) era completa sem que ele aparecesse na televisão dos EUA dando a sua interpretação.

O anúncio na sexta-feira passada (26) de que Gross, 70, estava deixando a empresa para administrar o recém-criado Janus Global Unconstrained Bond Fund mostra como estava difícil e solitária a vida de um homem que era chamado de o rei do mercado de títulos.

Nos últimos anos, Gross parecia menos um mestre do universo do que um homem sobrecarregado --sua empresa estava sendo avariada por saída de profissionais, sua habilidade de lidar com o mercado não parecia mais a mesma e sua capacidade de administrar tanto dinheiro passou a ser questionada.

O mercado de títulos, seu território, estava mudando rapidamente diante dos seus olhos e não estava claro se ainda eram válidas as lições aprendidas como jogador de blackjack em Las Vegas (EUA), na década de 1960.

Os problemas da Pimco começaram a brotar no início desta década, quando Gross começou a fazer uma série de previsões infelizes.

Exemplo: em 2010, ele disse que os títulos do governo britânico iriam explodir, já que estavam "descansando em uma cama de nitroglicerina" por causa do alto endividamento do país. Na realidade, os papéis continuaram a subir por dois anos e estão estáveis desde então.

O resultado desta e de outras previsões fracassadas de Gross (como quando apostou na baixa dos papéis do governo americano) é que o principal fundo da Pimco (com US$ 220 bilhões, o maior do mundo) teve desempenho negativo em 2013 e saída de dinheiro por 18 meses seguidos.

Os problemas dentro da Pimco ficaram claros para o público em janeiro, quando Mohamed El-Erian deixou o cargo de presidente-executivo da firma, depois de uma série de confrontos com Gross (famoso pela franqueza) para passar mais tempo com a família, em um caso que ganhou tanta repercussão que repórteres de jornais tabloides acamparam em frente à residência do egípcio.


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