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Vinicius Torres Freire

Dilma, cassino e vida real

Parte da jogatina se deve à subida da votação de Dilma, mas humor está azedo no mundo inteiro

O CASSINO JUVENIL em que se transformou a Bolsa de São Paulo neste mês de setembro ajuda a colocar na conta de Dilma Rousseff (PT) todo o tumulto recente no mercado financeiro.

No entanto, por mais que o favoritismo revivido da candidata-presidente ajude a azedar os humores da finança, é preciso lembrar outra vez que a barafunda é internacional.

Obviamente, o fato de a economia do Brasil andar mal das pernas coloca lenha na nossa fogueira; o governo de Dilma Rousseff tem responsabilidade na nossa lerdeza e desordem. Ainda assim, a explicação do tumulto na praça do mercado tem dúzias de tons de cinza. Ignorar alguns fatos básicos ajuda a criar um clima artificial de sangria desatada, como se estivéssemos em 1998 e 2002, quando houve fuga de capitais braba, crise de cambial e o país, na prática, quebrou.

Entre as moedas relevantes, o real é a moeda que mais se desvalorizou nesta rodada de faniquitos, como no primeiro bimestre deste ano, como entre junho e agosto de 2013, como em tantas ocasiões, enfim, dado o tamanho do mercado brasileiro e aberrações crônicas do país. Mas também o dólar neozelandês, a rupia indonésia, o won sul-coreano e o rublo russo apanharam.

Isso posto, o mercado mundial está "tenso". Como de costume, ontem se atirava para cantos variados quando se tratava de "explicar" a perda de valor de várias moedas em relação ao dólar e tombos de Bolsas. Houve mais "aversão a risco" devido aos protestos em Hong Kong, a "temores renovados" a respeito do crescimento de China, eurolândia e Japão, com a Rússia, a dúvidas sobre a mudança da direção do maior fundo de renda fixa do mundo (Pimco) e o diabo.

De menos incerto e fator mais regular, há o risco de mudanças próximas na economia americana, que cria um ambiente propício para que a reação a desarranjos outros e noutras praças ganhe dimensão maior ou exagerada.

O aumento da volatilidade (variação de preços de ativos financeiros) torna mais arriscados negócios como aplicar dinheiro em países como o Brasil (o que se ganha com os juros altos daqui pode ser perdido com variações cambiais, do preço do real).

O Brasil está mais sujeito a variações nos juros americanos, está sujeito às dúvidas na China, à baixa do preço das commodities etc., além de ter uma eleição indecisa e avarias na base da política econômica (inflação ruim com crescimento baixo e deficit externo, entre outros problemas). Medidas de risco, como o preço de fazer seguro contra calotes em investimentos brasileiros, crescem.

No entanto, não há fuga de capitais, nem daqui nem de outros emergentes. Aliás, continua a entrar dinheiro aqui, tanto para aplicações financeiras como para investimento "na produção".

É evidente que a situação macroeconômica do Brasil piora faz pelo menos três anos. Que a fome da especulação se junta à vontade de comer oferecida pelo mau estado das nossas contas públicas, inflação, juros etc. Mas, até para não haver ilusões sobre as dificuldades do ano que vem, seja quem for o presidente, é preciso levar em conta que vai haver turbulência mundial pela frente. Não se sabe é o tamanho da chacoalhada.

vinit@uol.com.br


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