Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Apoio à indústria tem impacto limitado

Problemas macroeconômicos anularam os incentivos dados pelo governo para estimular a produção do setor

Apesar de impulso a vendas perder força, desempenho da indústria seria ainda pior sem as medidas

MACHADO DA COSTA TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

Somados à desaceleração no consumo da população brasileira, a complexidade tributária e o alto custo de produção anularam os incentivos dados pelo governo nos últimos anos para estimular a indústria manufatureira.

Desonerações, refinanciamentos de dívidas e linhas especiais de crédito foram criados desde 2011 e tiveram um efeito momentâneo alentador para os empresários.

No entanto, velhos problemas enfrentados pelo setor voltaram a prevalecer em um momento de restrição do crédito e consequente desaceleração do consumo.

Líderes setoriais ouvidos pela Folha relatam que os esforços empreendidos pelo governo no último ano só não são descartáveis neste momento porque, sem eles, a indústria afundaria em 2014.

"As medidas compensaram parte do estrago que a macroeconomia fez na indústria como um todo", diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor da Fiesp.

A principal crítica da entidade é o "custo Brasil" --gastos excessivos com logística, mão de obra, matérias-primas, tributos e juros.

A indústria gastou R$ 443 bilhões com a ineficiência nessas áreas em 2012 e 2013, por ano, em média. A renúncia fiscal do governo na implementação desses programas de incentivos foi de R$ 11 bilhões, segundo a Fiesp.

"As medidas foram muito tímidas, considerando o tamanho do custo Brasil e o peso do setor na arrecadação do governo", diz Roriz.

EFÊMERO

Os incentivos também tiveram efeito momentâneo, principalmente para os setores agraciados pela queda do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado).

Walter Cover, presidente da Abramat, que reúne empresas de material de construção, diz que a desoneração não impulsiona mais as vendas. Mesmo assim, ele afirma que o setor se tornou dependente dela.

"Se o governo decidir voltar a aumentar o IPI para 10% [atualmente está em 0], como era antes, o setor sofreria com a perda do mercado doméstico para as importações", afirma.

O efeito dos incentivos também foi passageiro para a indústria de máquinas e equipamentos, um dos segmentos que mais receberam incentivos.

Mário Bernardini, economista da Abimaq, entidade que representa as empresas do setor, chama a atenção para o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), linha de crédito do BNDES para a compra de máquinas que ajudou a elevar o faturamento do setor até o ano passado.

"A parcela de vendas financiada pelo BNDES passou de 20% para 50%, em 2013, com o programa. Mas neste ano, junto da queda do faturamento total, essa parcela baixou para 33%."

Em 2014, o mau humor dos empresários e a consequente queda dos investimentos impactaram negativamente os negócios das empresas.

Entre as medidas destinadas à redução de custos, Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel, que representa o mercado livre de energia, aponta para incoerências do governo na tentativa de baratear o insumo.

"As grandes empresas estão no mercado livre e representam cerca de 60% do consumo da indústria, mas não foram beneficiadas pela medida que reduziu o preço da energia", diz.

Mas também houve acertos, como o maior uso do Refis, programa federal de renegociação de dívidas fiscais.

"O Refis ajudou as empresas a controlarem o rombo fiscal, mas não ataca a complexidade tributária", diz Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página