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Quis ser o Abilio Diniz e vivi um pesadelo, diz autor

Empresário que quebrou escreve guia 'politicamente incorreto' de empreendedorismo como forma de alerta

DE SÃO PAULO

Leonardo de Matos, 39, caiu em muitas armadilhas do empreendedorismo: empréstimos impagáveis, clientes inadimplentes e a teimosia de acreditar que bastava persistir para chegar ao topo.

Ele tem experiência em fechar empresas. De sua confecção, por exemplo, que chegou a vender para 24 Estados e tinha mais de 150 funcionários, restou uma dívida de

R$ 1 milhão quando ele declarou falência, em 2012.

Ele narra suas desventuras no recém-lançado livro "Quebrei - Guia Politicamente Incorreto do Empreendedorismo" (Alta Books).

Leia abaixo os principais trechos de entrevista de Matos à Folha, por telefone. (FILIPE OLIVEIRA)

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Folha - Por que decidiu confessar sua falência?

Leonardo de Matos - Conforme ia passando pelas dificuldades nos negócios, escrevia sobre o que eu estava sentindo. Escrevi sobre o primeiro cheque meu que voltou, sobre quando fechei minha última empresa e fiquei em casa 11 dias de cama, deprimido. Percebi que tinha um livro praticamente escrito e pensei que poderia compartilhar minha experiência para evitar que outras pessoas cometessem os mesmos erros que eu cometi.

Há uma glamourização do empreendedorismo?

É como quando uma mulher que tem um corpo normal se acostuma a ver capas de revista de dietas com mulheres magrinhas. Ela vai se sentir mal e fazer de tudo para alcançar aquele corpo. Eu vivi iludido querendo ser o Abilio Diniz e acabei vivendo o pior pesadelo. A mídia às vezes acaba mostrando só a parte positiva dos negócios.

Você perdeu muitos relacionamentos quando quebrou?

Não contei para os meus amigos que quebrei. Só não me separei da minha mulher porque mudamos nosso regime de comunhão de bens. No início, éramos casados no regime de comunhão parcial, em que se um fica com o nome sujo, o outro também fica. Depois do meu primeiro fracasso, mudamos para separação total de bens. O que era da minha mulher ficou sendo dela e o que era meu passou a ser dos bancos.

É comum se dizer que falhar é importante para se chegar ao sucesso. Você concorda?

Se você pensa em uma empresa start-up [empresa de base tecnológica], o investimento inicial é muito pequeno e falhar não é tão traumático. Agora, se você vai montar uma padaria, tem que alugar um ponto, reformá-lo e comprar equipamentos caros. Com esse investimento todo, não recomendo a ninguém fracassar.

Para quem é o empreendedorismo?

Não existe uma regra geral. Se você quer descobrir se deve empreender, trabalhe para alguém na área em que quer atuar. Se quer montar uma loja de eletrodomésticos, trabalhe em uma primeiro. Não tem nada melhor do que aprender e errar com o dinheiro dos outros.

O que pensa quando lê que um quarto das empresas fecham em dois anos no Brasil?

Fechar um negócio no Brasil é a regra, não a exceção. As pessoas não entendem isso. É preciso acabar com a ilusão de que ter um negócio é fácil.


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